Dólar mantém reação à estratégia cambial do BC e tem quarta queda seguida
O dólar recuou pela quarta sessão consecutiva nesta terça-feira (10), voltando a R$ 2,30, dando continuidade ao movimento de ajuste ao cenário de manutenção do programa de intervenções diárias do Banco Central no ano que vem e à perspectiva de rolagem integral dos swaps cambiais que vencem em janeiro.
A moeda norte-americana recuou 0,46%, a R$ 2,3087 na venda, após cair 0,33%, para R$ 2,3193, na véspera. Segundo dados da BM&F, o volume de negociação ficou em cerca de 916 milhões de dólares.
Nas quatro últimas sessões, o dólar acumula perda de 3,36%, na série mais longa de baixas desde o início de setembro, pouco após o BC anunciar o programa de rações diárias. "Continua o movimento que começou há alguns dias, com as declarações do presidente do Banco Central dando conta de que ele está querendo pressionar o dólar para deixar a inflação com folga", disse o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel.
O BC anunciou na semana passada a continuidade do programa para o ano que vem. Nesta terça-feira, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, afirmou que os detalhes sobre como as intervenções ocorrerão serão divulgados no fim da próxima semana.
E, ao defender o programa cambial, disse não pretender levar o câmbio para patamares específicos. "O fornecimento de proteção cambial não foi desenhado para atingir qualquer nível específico da taxa de câmbio, mas justamente para evitar excesso de excitação nessa importante variável da economia." "A presença do BC em 2014 no mercado de câmbio... deixou a compra da moeda americana desconfortável e muitos investidores se desfizeram das posições compradas", escreveram analistas da Lerosa Corretora em relatório.
O mercado acionário brasileiro interrompeu nesta terça-feira (100 sequência de três altas seguidas, em um dia de baixo volume de negócios, com investidores ainda especulando acerca da redução dos estímulos monetários pelo banco central norte-americano. O Ibovespa fechou em baixa de 0,34%, a 50.993 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,2 bilhões.
O índice seguiu o movimento dos mercados internacionais, com uma pequena realização de lucros levando as bolsas dos Estados Unidos a operarem no vermelho. "Dados da China vieram próximos das expectativas, então não trouxeram nenhuma informação nova. O mercado está basicamente seguindo o movimento do norte-americano, mas a agenda econômica lá está fraca", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Dados da produção industrial, investimentos e vendas no varejo da China sinalizaram que o importante parceiro comercial brasileiro está a caminho de alcançar a meta governamental de expansão neste ano, de 7,5 por cento.
Na segunda-feira, discursos de vários integrantes do Federal Reserve sugeriram que o banco central norte-americano pode estar mais perto do que se esperava de dar início ao processo de redução do ritmo de compra mensal de ativos, atualmente em 85 bilhões de dólares.
Assim, o mercado operava em compasso de espera por mais dados econômicos que pudessem indicar os próximos passos da política do Fed, cujo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se reúne pela última vez neste ano nos dias 17 e 18 de dezembro. "O volume baixo é um reflexo desse comportamento mais lateral e um sinal de que o mercado está em compasso de espera pelo Fed, cujos membros estão com um discurso um pouco mais afinado com relação ao fim dos estímulos", afirmou o analista de renda variável João Pedro Brugger, da Leme Investimentos.
No painel corporativo brasileiro, a ação da incorporadora Gafisa se destacou na ponta positiva. Na véspera, a companhia informou ter chegado à etapa final de seu processo de reestruturação iniciado há dois anos, com a conclusão da venda de 70 por cento da Alphaville para os fundos Pátria e Blackstone.
Além disso, o Conselho de Administração da Tenda --unidade voltada para a baixa renda da incorporadora-- aprovou a recompra de até 32,9 milhões de ações ordinárias da Gafisa, sua controladora. "A notícia é positiva para o acionista, em parte porque deve conseguir reduzir bastante o nível de endividamento. A recompra é agressiva e mostra o comprometimento com o crescimento e uma gestão mais eficiente nos próximos anos", disse Brugger, da Leme Investimentos.
Mas a queda da Vale e do Banco do Brasil mais que anularam a influência positiva da incorporadora. Os papéis das concessionárias de energia Copel e Cteep tiveram as maiores quedas percentuais do Ibovespa.
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