Os acionistas da AB InBev, de capital belga e brasileiro, e da britânica SABMiller, aprovaram nesta quarta-feira (28) a fusão das empresas, o que vai criar um gigante mundial do setor de cervejas que reunirá marcas como Budweiser, Corona, Foster’s e Stella Artois.
A aquisição da empresa britânica pela AB InBev por 79 bilhões de libras (US$ 104 bilhões), ou 45 libras esterlinas por cada ação, será a terceira maior fusão da história, de acordo com o instituto de análises Dealogic, atrás apenas da união entre Vodafone e Mannesmann em 1999 e da Verizon Communications e Verizon Wireless em 2013.
A nova empresa vai ser chamada apenas de AB InBev, o que significa o fim do nome SABMiller.
Após um ano de negociações, a fusão se tornará efetiva em 10 de outubro. Um dia depois, as ações da empresa terão sua cotação principal na Bolsa de Bruxelas, com cotações secundárias em Johannesburgo, local de origem da SABMiller, e no México.
“Celebramos que o voto dos nossos acionistas nos permitirá superar mais uma etapa para reagrupar nossas empresas, nossas equipes, nosso forte legado e nossa paixão pela elaboração da cerveja”, afirmou em um comunicado o presidente executivo da AB InBev, o brasileiro Carlos Brito.
Em um primeiro momento o grupo de capital belga e brasileiro aceitou, em 2015, pagar 44 libras por ação da concorrente, mas a desvalorização da moeda britânica após a decisão do Reino Unido de abandonar a UE obrigou a AB InBev a elevar a proposta a 45 libras.
Marcas
As duas empresas produzem em conjunto quase 60 bilhões de litros a cada ano, três vezes mais que a terceira companhia do setor, a holandesa Heineken, e vendem uma em cada três cervejas no mundo.
Além das marcas já citadas, a nova empresa é proprietária das cervejas Peroni, Coors, Skol, Antartica, Beck’s, Leffe, Hoegaarden, Quilmes, Victoria, Atlas, Arequipeña, Grolsch, Miller, Pilsen, entre outras.
Uma história latino-americana
A nova empresa reúne dois ex-alunos de Harvard e dois homens que estão entre os empresários mais poderosos da América Latina e do mundo, o brasileiro Jorge Paulo Lemann e o colombiano Alejandro Santo Domingo, proprietários de duas marcas populares de cerveja no continente, Brahma e Bavaria.
“Onde a SABMiller é forte, sobretudo na Colômbia e nos países ao redor, a AB InBev não está implantada em absoluto. E onde a AB InBev é forte, como Brasil, México e a parte sul da América Latina, a presença da SABMiller é anedótica. Assim, agora conseguem uma presença forte em todos mercados fortes da cerveja”, explica Jeremy Cunnington, analista do mercado de bebidas alcoólicas na Euromonitor International.
Os Santo Domingo são proprietários da cerveja Bavaria e de 14% da SABMiller. Em meados dos anos 1990, receberam uma proposta de compra da popular marca colombiana pela brasileira Brahma, que não foi concretizada.
O proprietário da Brahma era Jorge Paulo Lemann, que atualmente é o principal acionista da AB InBev com sua empresa 3G.
África e China
A futura sede da líder mundial do setor de cervejas ficará na cidade belga de Leuven e o escritório da “administração funcional” da empresa será instalado em Nova York, em um organograma que a AB InBev criou antes da operação.
“Ao final da aproximação, o grupo deve manter os escritórios da SABMiller em Woking (Reino Unido) durante um período de transição”, explicou a AB InBev.
A empresa anunciou em agosto que as atividades do novo grupo serão organizadas “em nove zonas geográficas”, com o objetivo de “maximizar as oportunidades de crescimento” e com os olhares voltados para os mercados africano e chinês.
As operações da América do Norte serão concentradas em Saint Louis (Louisiana), as da América Central no México e as da África em Johannesburgo.
A fusão deve provocar a demissão de pelo menos 5.500 trabalhadores nos próximos três anos.
A AB InBev tem 150 mil funcionários em 26 países, enquanto a SABMiller tem quase 70 mil trabalhadores em mais de 80 países.