Rio de Janeiro A queda de mais de 8% no mercado acionário chinês já vinha sendo antecipada por diversos analistas, preocupados com a bolha nas bolsas do país, que se valorizaram mais de 130% em 2006. Por enquanto, quase ninguém vê risco imediato de conseqüências mais sérias para a economia chinesa, que colocaria um fim ao prodigioso crescimento médio anual de 9% ao longo dos últimos 30 anos.
Armínio Fraga, gestor da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central (BC), diz que o movimento de ontem foi basicamente uma reação à valorização excessiva da bolsa chinesa. "Não tem nenhuma novidade na economia mundial, e a sensação ainda é a de que estamos caminhando para um pouso (desaceleração) suave."
Mas Fraga ressalva que, devido a fatores técnicos, como a complexa interação dos mercados por meio de derivativos (instrumentos financeiros sofisticados), a turbulência pode durar dias.
Ele observa ainda que os indicadores financeiros têm emitido sinais contraditórios. Ontem, nos Estados Unidos, houve boas notícias em termos de confiança do consumidor e vendas de imóveis, e más nos bens duráveis. "Tem notícia para tudo que é gosto, e o que mudou hoje [ontem] foi o gosto", disse Fraga.
Para os mais pessimistas, porém, o susto de ontem, que pulverizou US$ 100 bilhões apenas no mercado chinês, é mais um sinal de que a luz amarela foi acesa para a exuberante economia global. Vindo logo depois do alerta de Alan Greenspan, o mítico ex-chairman do BC americano, sobre a possibilidade de uma recessão nos EUA, o "mini crash" é um sinal de que a volatilidade não morreu e que os desequilíbrios mundiais ainda podem terminar mal.
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