Entre 2007 e 2013, a frota de motocicletas em circulação no país quase dobrou: passou de 11 milhões para 21,6 milhões, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). No mesmo período, o faturamento da Magnetron, fabricante de sistemas de ignição e peças para motos localizada em São José dos Pinhais, na região de Curitiba, aumentou 516%. O bom momento do mercado e mudanças na estratégia de vendas e na gestão administrativa ajudaram a empresa a alavancar o crescimento e traçar metas ousadas para continuar na mesma trilha. Para 2014, a presidente Denise Remor quer superar em 28% o faturamento de R$ 76 milhões do ano passado e chegar a R$ 97 milhões.
Os resultados alcançados até agora mostram que a executiva está no rumo certo, apesar dos percalços no meio do caminho. A trajetória da empresa, que pertence à Cia Caetano Branco, sofreu um baque em 2009, com a morte repentina do marido Oscar Branco. Formada em Direito, ela precisou superar o luto e buscar conhecimento para assumir a direção dos negócios.
Nos últimos cinco anos, Denise aprendeu a administrar, promoveu melhorias em processos internos, fez investimentos em pesquisa e desenvolvimento, mudanças nas linhas de produção e aprimorou a logística de distribuição. Até vender empresa ela aprendeu. Além da Magnetron, a família era proprietária da Branco Motores. Em 2011, uma proposta do grupo americano Briggs & Stratton para adquirir o controle da líder nacional na fabricação de motores de baixa cilindrada contínua, os chamados estacionários, a convenceu do negócio. "A empresa estava saudável e operando com excelente desempenho. Não era intenção vendê-la. Mas, diante da proposta e dos investimentos que seriam necessários para expandi-la, optei pela venda", conta.
Poucos meses antes de consolidar o negócio da Branco, Denise também concluiu a compra da participação das filhas de Oscar na sociedade da Magnetron. E assumiu definitivamente a administração da empresa, que havia passado um ano e meio sob o comando de um executivo contratado. No cargo de presidente, Denise partiu para as mudanças mais profundas. Recontratou um antigo funcionário, que a ajudou a reorganizar rotinas e processos.
Treinamento
Entre as principais alterações, expandiu o mercado e colocou a produção para ser distribuída a revendedores e oficinas mecânicas. Durante 28 anos, a Magnetron foi fornecedora de peças para marcas como Honda e Yamaha. Partir para o contato direto com o consumidor também exigiu maior atenção à necessidades do cliente e treinamento de profissionais da área.
Empresa produz 900 mil peças na China
É preciso cuidado ao circular pelas instalações da Magnetron, em São José dos Pinhais: a área está em obras e se prepara para a saída da Branco Motores, que fica no mesmo endereço até dezembro, conforme o acordo de venda firmado há dois anos. Além da infraestrutura física e da requalificação de mão de obra, a empresa está atualizando a área de Tecnologia da Informação, em um investimento total de R$ 5 milhões em 2014.
A Magnetron tem 130 funcionários e produz 900 mil peças por mês. Os projetos são desenvolvidos pela equipe de engenharia de produtos aqui e manufaturados na China. Quando volta para o Brasil, toda a produção é montada quando necessário , testada e reembalada antes de ser distribuída.
"A carga tributária brasileira inviabiliza uma linha de produção aqui. Temos contato direto com nossos fornecedores, uma pessoa totalmente dedicada para acompanhar a produção in loco e controle rígido de qualidade", diz a presidente Denise Remor.
O sistema de produção internacionalizado foi adotado há quase 15 anos e é responsável por 97% das peças de motos que a Magnetron oferece. O mercado externo também está na mira para novos negócios. No plano estratégico da empresa está a expansão das exportações, que hoje respondem por 5% do faturamento. A ideia é chegar aos países latinos e se tornar referência no segmento, a médio prazo.
Talentos
Além do cuidado com a qualidade dos produtos, Denise também aposta em seus talentos. Mantém programas de incentivo a ideias e práticas inovadoras, e tem uma política de gestão de pessoas bem definida.
"Quero ouvi-los sempre. Acho que isso valoriza o profissional", diz. O modelo de gestão também rende reconhecimento externo. A executiva foi eleita a presidente do ano pela consultoria J. Valério em parceria com a escola de negócios Fundação Dom Cabral no Prêmio Paex.