Torre Panorâmica nas Mêrces . #Oi #telepar| Foto: Gazeta do Povo

A Oi, que está em recuperação judicial, vive dias conturbados. Mês a mês, a empresa vem perdendo espaço em alguns dos principais mercados em que atua. Um alerta foi dado na semana passada: os prejuízos no primeiro semestre superaram R$ 1 bilhão.

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Não bastasse isso, a situação de caixa levantou questionamentos em relação à capacidade da companhia se manter saudável financeiramente, aponta relatório enviado pelo Credit Suisse a clientes.

A operadora chegou a avisar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que, mantido o atual cenário, os recursos disponíveis seriam suficientes até fevereiro. Por sua vez, o órgão regulador teria voltado a avaliar a possibilidade de uma intervenção na área de telefonia fixa, assim como foi feito no governo Temer.

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Procurada, a Oi não comenta o assunto. A agência reguladora descarta a possibilidade de intervenção e destaca, por meio de nota, que “uma solução de mercado definitiva é o cenário preferencial para a evolução positiva da situação do grupo.”

“As chances de uma intervenção por parte da Anatel são nulas”, diz Eduardo Tude, presidente da Teleco, uma consultoria especializada em telecomunicações. Ele aponta que a medida teria um custo muito grande e iria contra as diretrizes do atual governo.

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As cartas na manga da Oi

Para evitar o pior cenário, analistas apontam que a Oi teria uma série de cartas na manga: a venda de ativos, a troca de comando na empresa e a torcida para a aprovação do novo marco regulador nas telecomunicações.

A urgência é grande, para não perder mais mercado em áreas mais rentáveis. “A empresa vem enfrentando dificuldades diante das ofertas de clientes melhor posicionados”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

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Na banda larga, a participação caiu de 20,4% do mercado brasileiro, em 2018, para 18,2%, de acordo com dados da Anatel. “E muita dessa perda foi para competidores de menor porte”, diz Matheus Generoso, analista de telecomunicações da Toro Investimento.

O share na telefonia móvel em junho era de 16,43%, ligeiramente inferior à de 12 meses antes.

Mesmo no seu segmento mais tradicional, onde está presente em 26 das 27 unidades da federação, a Oi vem perdendo força. A participação de mercado está nos mínimos históricos: 31,3%, conforme números da Anatel. “É um segmento do passado”, diz o analista da Toro.

O único segmento que a Oi ganhou espaço foi a TV por assinatura: passando de 8,7%, em 2018, para 9,5%, em 2019. Em meio à tendência geral de queda de assinante, a operadora está conseguindo mantê-los.

Necessidade da realização de investimentos

A empresa precisa de recursos para fazer frente à necessidade de investimentos. Generoso lembra que o segmento passa por mudanças recorrentes e o tráfego de dados está ganhando mais força em relação ao de voz.

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Um dos próximos desafios da empresa poderá ser operar a telefonia celular 5G. O leilão está previsto para o próximo ano. A empresa também precisa reforçar investimentos na substituição da banda larga de cobre pela de fibra ótica.

“A Oi precisa correr atrás do tempo perdido. Se não investir com vigor, vai continuar perdendo mercado”, diz Tude. Ele lembra que a empresa ficou praticamente dois anos com baixos investimentos e presa, por força de contrato, a áreas de pouquíssima rentabilidade, como os orelhões.

Segundo Arbetman, a empresa tem um caminho longo para a recuperação e está olhando para o futuro, mas o caixa não dá forças para que ações mais drásticas sejam tomadas. “A solução não é instantânea.”

No primeiro semestre foram R$ 3,78 bilhões aplicados, 51,7% a mais do que no mesmo período de 2018, intensificando, segundo relatório de administração da empresa a estratégia de a companhia acelerar projetos em relação à fibra ótica e banda larga móvel 4,5G.

Oi aposta na venda de ativos

Uma das estratégias que a Oi tem é a venda de ativos. “A empresa precisa de liquidez”, afirma Arbetman. A empresa espera obter entre R$ 6,5 bilhões e R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos, como torres, datacenters e uma participação de 25% que tem na Unitel, operadora de telefonia celular em Angola, na África.

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Os analistas do Credit Suisse apontam que a venda da Unitel poderia garantir aproximadamente US$ 1 bilhão, mas alertam que, diante das condições atuais, a Oi tem menor poder de barganha.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, há dúvidas entre representantes do governo e da Anatel, porém, se as vendas serão suficientes e se esse reforço no caixa chegará a tempo.

Troca de comando à vista

Outra aposta é na troca de comando da empresa. Os três principais acionistas estão conversando sobre esta possibilidade com a Justiça, já que a Oi está em recuperação judicial. “A empresa precisa de um novo plano estratégico”, aponta o analista da Ativa Investimentos.

A gestora de investimentos GoldenTree Asset Management, maior acionista da Oi, com 14,57% de participação, manifestou preocupação com as finanças da operadora e pediu a troca do presidente executivo, Eurico Teles.

“O conselho deve nomear um CEO (presidente executivo) que possa implementar a reestruturação operacional e buscar as oportunidades de valor agregado descritas pela empresa no seu recém lançado plano estratégico”, escreveu a acionista, numa carta enviada ao conselho de administração.

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A carta tem data de 16 de agosto, dois dias após a divulgação do balanço da Oi referente ao segundo trimestre, quando foi revelado que o prejuízo da operadora subiu 24%, para R$ 1,6 bilhão, enquanto o dinheiro disponível em caixa recuou 17,4%, para R$ 4,3 bilhões.

A GoldenTree disse temer que o futuro da companhia esteja seriamente ameaçado por causa de más tomadas de decisões, resultados financeiro e operacional decepcionantes, e incapacidade de melhorar a governança corporativa. “Acreditamos que esses problemas sérios podem ser resolvidos, mas isso exigirá que a diretoria aja imediatamente antes que o dano à Oi se torne irreversível”, afirmou.

Mudança no marco regulatório

A Oi também conta com a mudança no marco regulatório das telecomunicações, que está em tramitação no Senado. Com a medida, a empresa deixaria de ser uma concessionária de serviço público e passaria a ser uma autorizada, como ocorre com a telefonia móvel e a banda larga.

Os serviços de telefonia móvel e de banda larga são autorizações e a Anatel não pode interferir nem cassar o direito da empresa de oferecê-los. A natureza do problema na Oi, porém, sinaliza que a empresa pode ter dificuldades para manter seus serviços como um todo nos próximos anos.

Outros reflexos, segundo Arbetman, seriam mais liberdade para estabelecer preços, particularmente na telefonia móvel e o fim de cumprimento de metas relacionadas à universalização ao acesso à telefonia.

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