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Delivery

App de entregas Glovo busca crescimento rápido sem entrar em guerra de preços

Um “glover”, como é chamado o entregador da Glovo, startup espanhola com forte presença no Brasil. | Glovo/Divulgação
Um “glover”, como é chamado o entregador da Glovo, startup espanhola com forte presença no Brasil. (Foto: Glovo/Divulgação)

A Glovo, startup espanhola de delivery multicategoria, anunciou na última quarta-feira (18) uma nova rodada de investimentos no valor de € 115 milhões, cerca de R$ 510 milhões. Os recursos serão gastos principalmente em expansão geográfica. A América Latina é tida como uma região estratégica para a empresa. No Brasil, a Glovo chegou em fevereiro deste ano e se deparou com concorrentes de peso.

A Glovo tem a proposta de entregar o que os usuários quiserem, de refeições de restaurantes, que representam a maioria dos pedidos, a produtos de farmácias, pet shops, supermercados e até um modo livre, do tipo “peça o que quiser”.

Para tanto, a startup conta com uma rede de entregadores independentes, os chamados “glovers”. Através da sua plataforma tecnológica, a Glovo faz a mediação entre três públicos distintos: estabelecimentos comerciais interessados em ampliar seus canais de distribuição; “glovers”, os entregadores dispostos a fazer as entregas em troca de pagamentos; e os usuários finais, que fazem os pedidos em casa ou no escritório.

A última rodada de investimento da Glovo, de € 115 milhões, foi liderada pela Rakuten Capital, Seaya Ventures e Cathay Innovation. A imprensa espanhola diz que o investimento elevou o valor da empresa para € 300 milhões (R$ 1,33 bilhão).

Ao blog norte-americano TechCrunch , a Glovo informou que os recursos serão gastos em otimização da sua plataforma e recursos tecnológicos, incluindo a contratação de mais de 100 engenheiros nos próximos meses, e em expansão geográfica, com foco na América Latina, Europa, Oriente Médio e África.

Bruno Raposo, country manager da Glovo no Brasil, adianta que a startup está prestes a abrir um escritório em Bogotá, capital da Colômbia, e que há estudos para chegar em mais cidades brasileiras, incluindo Florianópolis e Joinville, em Santa Catarina, estado onde a Glovo ainda não atua.

Crescimento sem promoções

O rápido crescimento da operação brasileira nos pouco mais de cinco meses desde o seu início é destacado por Raposo. “[A Glovo] expandiu de uma maneira bem rápida. Parte da nossa estratégia é fazer essa expansão rápida para várias cidades e, dentro de cada uma delas, expandir também, sempre protegendo a qualidade do serviço”, explica.

No Brasil, a Glovo já atua em 12 cidades: Alphaville (bairro de São Paulo que a startup classifica como uma cidade), Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Santos e São Paulo. É o segundo maior mercado da startup em número de cidades, atrás apenas da Espanha, sua sede, que tem 21 cidades atendidas pelo serviço. Raposo não divulga dados da operação brasileira, mas diz que a startup já conta com “centenas de milhares” de clientes, termo que engloba os três públicos da empresa.

A presença de concorrentes fortes no Brasil, como a colombiana Rappi, a local iFood e a Uber, faz do Brasil um dos mercados mais concorridos para a Glovo, segundo Raposo. Para ele, isso “é bom e ruim, mas é mais bom do que ruim”. Ruim no sentido de que há muitas empresas disputando o mesmo público. Por outro lado, diz, há uma fatia muito grande do mercado que ainda não aderiu aos aplicativos de entrega e, para essas pessoas e estabelecimentos, a disputa chama a atenção e ajuda no processo de convencimento para que experimentem um app do tipo. “Por isso que eu acho que é melhor que pior. Toda essa competição educa melhor o usuário, faz o nível do serviço subir e, quanto mais alto esse patamar, maior a velocidade com que as pessoas, escritórios e estabelecimentos migram para uma solução digital”, complementa.

Outro reflexo do acirramento da disputa dos apps são as promoções. A Rappi, que chegou ao Brasil na mesma época da Glovo potencializada por um investimento de US$ 185 milhões — cerca de R$ 700 milhões —, tem apostado em cupons de desconto e parcerias com restaurantes e supermercados para baratear os preços de itens selecionados.

Na Glovo, porém, o novo investimento não deve ser usado como munição para uma guerra de preços. Raposo diz que “não está no nosso escopo baixar preços, [entrar em uma] guerra de preços. Nosso modelo de atuação em todo o mundo não é baseado nisso, mas sim em [ter] uma marca forte, com muita tecnologia por trás”.

De qualquer forma, a Glovo está oferecendo R$ 35 de desconto em pedidos no Burger King nas cidades de São Paulo e Curitiba. A promoção é válida até 31 de julho.

Parceria com a Cabify

Fundada em 2015 na Espanha pelo empresário e engenheiro aeroespacial Óscar Pierre, a Glovo já está presente em mais de 60 cidades de 17 países.

A startup chegou à América Latina através de uma joint venture com outra startup espanhola, a Cabify. A Glovo detém 70% da chamada Glovo Latam e a Cabify, 30%.

Antes de a Glovo aportar no Brasil, a Cabify oferecia um serviço de entrega de documentos, o Cabify Express. A oportunidade de liberar esse serviço para a Glovo a fim de focar no seu negócio principal, somada à sinergia entre investidores e fundadores, viabilizou a parceria entre Glovo e Cabify para a América Latina.

Ao usuário, Raposo diz que a parceria se traduz em facilidades, como fazer pedidos da Glovo a partir do app da Cabify e vice-versa, além de promoções exclusivas para usuários dos dois serviços. “Na medida em que a parceria amadurecer, faremos mais ações continuadas e consistentes”, revela.

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