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| Foto: Andrew Burton/AFP

Sinônimo de inovação, pioneirismo e refinamento, a Apple enfrenta um dos maiores desafios de sua história: convencer os usuários (e, por tabela, os investidores) de que vale a pena seguir apostando na empresa e correr para a loja mais próxima assim que um novo iPhone surge no horizonte. Divulgado há uma semana, o balanço do primeiro trimestre da empresa mostrou que há motivos de sobra para os sucessores de Steve Jobs esquentarem a cabeça. Pela primeira vez na história da marca, houve queda nas vendas de celulares, de 16% – o que também fez com que a Apple registrasse seu primeiro declínio na receita trimestral em 13 anos.

Vale lembrar que, mesmo assim, a empresa segue faturando (e muito): a receita fechou em US$ 50,5 bilhões no primeiro trimestre. O problema é que, hoje, as vendas de iPhones respondem por 65% do total dessa cifra. E a queda nas vendas de smartphones foi maior justamente na China, segundo maior mercado da empresa (depois dos Estados Unidos) e essencial para a companhia seguir lucrando internacionalmente. A Apple faturou 26% menos com os chineses do que no ano anterior e a aposta, dizem analistas, é de que o boom de vendas no país mais populoso do mundo tenha ficado para trás.

A visão é corroborada por um relatório da consultoria IDC divulgado na semana passada. Em 2015, as vendas de celulares de todas as marcas na China cresceram apenas 2,5%, depois de um pico de 62% em 2013. “Com o mercado da China amadurecendo, o apetite por smartphones tem baixado drasticamente”, resume a empresa. E, enquanto gigantes como Apple, Samsung e Lenovo perdem espaço por lá, marcas menores, mas com celulares potentes e preços mais em conta, ganham mercado: as novatas OPPO e Vivo, praticamente desconhecidas fora da Ásia, viram as vendas de seus celulares aumentarem 153% e 123% no primeiro trimestre de 2016, respectivamente.

Troca-troca

Não bastasse a desaceleração do mercado, a Apple também precisa sair de uma armadilha criada por ela mesma. Seja por falta de inspiração ou limitação tecnológica, os últimos modelos de iPhones lançados pela marca (no caso, o 6S e o 6S Plus) trazem poucas novidades que compensam a troca das versões anteriores, o que faz com que os atuais consumidores estendam a vida útil dos aparelhos que já têm em mãos. O iPhone 7, que deve ser lançado entre setembro e outubro, pode padecer da mesma sina.

“Todo mundo deseja uma super novidade, mas, ao mesmo tempo, não dá para esperar uma grande ruptura. Com certeza o iPhone 7 trará algo novo, mas, no geral, será mais do mesmo”, prevê a especialista em tecnologia e inclusão mobile Marília Guimarães, criadora do projeto Entendendo iPhone. “O próprio lançamento do SE (novo celular da Apple, com tela menor e mais barato, anunciado em março) mostra a estratégia da empresa de tentar aumentar a quantidade de usuários ao buscar um novo perfil de público”, completa.

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