E agora?
Sem Jobs, empresa passa por crise de criatividade
Observadores da indústria de tecnologia dizem que a Apple não revela um aparelho eletrônico capaz de definir de uma nova categoria de produto desde que Steve Jobs, co-fundador da empresa morto em 2011, apostou no iPad, em 2010. Antes disso, a companhia já havia feito história com o iPod e o iPhone. Especulações têm envolvido um produto em torno de um relógio inteligente, como o recém lançado Galaxy Gear, da Samsung, ou algum tipo de aparelho no segmento de tevê.
Mas analistas afirmaram que nenhum deles poderá gerar os números de receita do iPhone, que hoje é responsável por cerca de metade do faturamento da empresa e é o aparelho de mais alta margem de lucro para a companhia. O iPhone 5 é vendido por preços a partir de US$ 649, sem contrato com operadora de telefonia.
"A Apple precisa demonstrar nos próximos meses que tem outras linhas de produtos que possam começar a compensar a desaceleração no crescimento e queda nas margens do iPhone e do iPad", disse Jan Dawson, analista de telecomunicações da Ovum Research.
A Apple apresentou ontem dois novos modelos de iPhone e deu início a uma nova estratégia para mercados emergentes, em que a aposta está no preço. O alvo principal é a China, segundo maior mercado de smartphones do mundo, repleto de aparelhos contrabandeados e de cópias baratas. Os aparelhos entram em pré-venda nos Estados Unidos na próxima semana. No Brasil, a companhia não divulgou quando colocará os produtos no mercado.
INFOGRÁFICO: Veja o comparativo entre os dois modelos
O modelo "emergente" é o iPhone 5C, que terá cinco cores e preço a partir de US$ 99 nos Estados Unidos, se comprado junto com um contrato de dois anos com a operadora de telefonia. Desbloqueado, o preço começa com US$ 549. O aparelho tem corpo em policarbonato, um tipo de plástico, e uma estrutura metálica que serve ainda de antena.
O 5S, mais caro, tem três cores "cinza espaço", prata e dourado e melhorias na velocidade do processador e no software iOS7. O aparelho é equipado com um scanner de impressão digital, que pode desbloquear o telefone com um toque em qualquer ponto da tela.
Canibalização
A paleta de cores mais ampla e o preço mais barato do principal produto da Apple marca uma saída de sua dependência de uma marca premium e dos conhecidos aparelhos em preto e branco. A mais valiosa companhia de tecnologia do mundo está tentando correr atrás de concorrentes como a coreana Samsung e a taiwanesa Huawei em mercados como Índia e China, onde está perdendo terreno rapidamente.
Wall Street aprova a oferta de uma versão mais básica do iPhone, mas alguns investidores alertaram inicialmente que a estratégia reduzirá margens de lucro.
Uma questão chave é se a Apple também venderá o iPhone 5C, mais barato, em mercados mais maduros como Europa ou Estados Unidos, canibalizando vendas do 5S, seu principal modelo. Globalmente, o mercado para celulares inteligentes mais baratos, com preço de cerca de 300 dólares, pode crescer para 900 milhões de unidades até 2015, estimou o analista da Bernstein Research, Toni Sacconaghi. Assumindo que a Apple costuma capturar apenas 10% deste mercado, o 5C traria receita anual de US$ 30 bilhões para a companhia.
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