O governo da Grécia comemora a vitória do “não” no plebiscito deste domingo (5) contra um acordo com os credores internacionais.
Com 80% dos votos apurados, 61% haviam optado pelo “não” e 39% pelo “sim”, ou seja, não há mais chances de reverter o cenário.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, entrou em contato com líderes europeus nesta noite para tentar retomar as negociações com o bloco nesta segunda (6). Segundo os canais de TV da Grécia, o premiê já conversou, por exemplo, com o presidente francês, François Hollande.
Logo após os primeiros números serem divulgados, simpatizantes do Syriza, partido de esquerda do primeiro-ministro Alexis Tsipras, começaram a celebrar o resultado na praça Syntagma, no centro de Atenas.
A votação terminou às 19h (13h, em Brasília) e ocorreu em clima de tranquilidade na capital Atenas. Ao todo, 9,9 milhões de gregos estavam aptos para votar no país.
Entenda a crise na Grécia
A população foi convocada na semana passada pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, para aprovar ou não a proposta de socorro financeiro internacional feita pelos credores FMI (Fundo Monetário Internacional), BCE (Banco Central Europeu) e a zona do euro.
Após votar, Alexis Tsipras afirmou que a Europa não poderá ignorar a vontade dos gregos. “Muitos podem tentar ignorar o desejo de um governo, mas ninguém pode ignorar a vontade de uma população que está buscando viver com dignidade, com suas próprias mãos “, afirmou o premiê, após votar em Atenas.
Tsipras faz campanha pelo “não”, mas tem dito que buscará um acordo a partir desta segunda (6) com Bruxelas independentemente do resultado. O discurso foi repetido no fim de semana pelo ministro de Finanças, Yanis Varoufakis.
O premiê destacou ainda a determinação da população em comparecer à consulta e disse que as coisas avançam quando “a democracia vence o medo e chantagem”. “Hoje a democracia triunfa sobre o medo. Estou confiante que nesta segunda vamos estabelecer um novo curso para todas as pessoas da Europa”, afirmou.
“Vamos mandar a mensagem de que estamos determinados não só a permanecer na Europa mas também a viver com dignidade nela, para prosperar, trabalhar em igualdade entre iguais”, ressaltou.
Ao votar, os gregos receberam uma cédula com a seguinte pergunta a responder: “Deve ser aceito o acordo submetido por CE (Conselho Europeu), BCE e FMI para o Eurogrupo no dia 25 de junho, que consiste em duas partes que formam sua proposta completa?”. Eles colocaram o voto ‘sim’ ou ‘não’ num envelope e o depositaram na urna.
A complexidade do tema e a falta de tempo para entender as negociações com os credores levaram os gregos a interpretar cada um à sua maneira o plebiscito.
Para alguns, a votação, convocada há uma semana pelo governo, é uma avaliação sobre a gestão e o comportamento do primeiro-ministro, do partido de esquerda Syriza, eleito em janeiro para o cargo.
Para outros, trata-se de decidir sobre a permanência na zona do euro, embora, oficialmente, isso não esteja em discussão no momento.
A única certeza é que, além de uma disputa dividida, ninguém arrisca dizer o que vai ocorrer com a Grécia a partir desta segunda (6), seja qual for o resultado.