A ArcelorMittal Brasil quer instalar um novo laminador de 1 bilhão de dólares em sua usina em Tubarão (ES), para transformar o excedente de placas de aço da unidade em produtos de maior valor agregado destinados ao mercado interno.
O projeto foi pensado diante do excedente de oferta de aço no mercado mundial e das dificuldades de exportação.
Em entrevista à Reuters nesta quarta-feira, o diretor-presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Baptista Filho, afirmou que a matriz deve aprovar o projeto no final de 2012.
O novo equipamento consumiria as 3,5 milhões de toneladas de placas que a usina de Tubarão destina ao mercado externo. O laminador começaria a ser erguido em 2013, ficando pronto no segundo semestre de 2015. O investimento é da ordem de 1 bilhão de dólares.
O executivo comentou ainda que não "vê muita oportunidade para se mexer em preços (de aço no mercado interno) no curto prazo".
"Vamos ter que esperar mais um, três meses para ver como as coisas se desenvolvem. De repente podemos ter até ter surpresa negativa. Tem muita incerteza no mercado", afirmou.
A empresa concedeu descontos de preços de cerca de 10 por cento aos clientes no Brasil no final de 2010, para fazer frente à enxurrada de importações de aço, e ainda não eliminou integralmente esses descontos, comentou o executivo.
Enquanto as aprovações para o projeto do laminador não chegam da matriz, a companhia está modernizando a usina de Tubarão, que tem três alto-fornos, dos quais um está parado por falta de demanda por placas de aço no exterior.
Com isso, o alto-forno 1, de 3 milhões de toneladas, vai parar a partir de abril de 2012 para passar pela primeira reforma geral desde que começou a operar em 1983. "Normalmente os alto-fornos têm campanha de 10, 15 anos, mas esse vamos parar com 29 anos de operação, um recorde mundial."
Segundo Baptista, antes da reforma de 90 dias começar em 1o de abril de 2012, o alto-forno 1 de Tubarão terá que reduzir o ritmo para ser esvaziado sem comprometer a instalação e "isso significa que vamos ter que começar a fazer uma redução na produção do forno lá para outubro, chegando a zero no final de março".
Enquanto o forno 1 é desligado e reformado, o alto-forno 2, com capacidade para cerca de 1 milhão de toneladas por ano, será religado depois de ficar inerte desde 2008, após a crise financeira internacional que derrubou a demanda mundial, disse o executivo.
Segundo ele, não há garantias de que após a reforma do alto-forno 1 a usina continuará operando a unidade 2.
"Ele (alto-forno 2) está em 'standby', decidimos não ligar ainda porque toda a produção de placa é voltada para exportação. Ele usa ainda pelotas, que é muito mais caro que minério de ferro. Fazendo a conta, não justifica, não tem mercado internacional que dê preço para se ter rentabilidade."
Brasil está caro
O executivo comentou que apesar de 25 por cento da produção da companhia no Brasil ser destinada à exportação, o mercado interno mostra vantagens sobre o externo.
"O Brasil está caro, nos últimos 5 anos ficamos 80 por cento mais caros em dólar. Com essa situação é óbvio que a competitividade que o país tinha na exportação de aço foi muito afetada e, portanto, o foco das siderúrgicas é atender o crescimento da demanda doméstica."
Além de voltar Tubarão para o mercado interno, a ArcelorMittal Brasil está ampliando a capacidade da usina em São Francisco do Sul (SC) de olho no aquecido mercado automotivo.
Baptista disse a companhia conclui até o final deste ano contratos para a construção de uma terceira linha de galvanização que ampliará a capacidade de aços planos da usina de 1,35 milhão para 2 milhões de toneladas por ano, em investimento de 300 milhões de dólares. A nova capacidade deve começar a operar entre o final de 2013 e início de 2014, disse o executivo.