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Para o Brasil, impacto será nas exportações
Agência Estado
O novo calote soberano da Argentina deve ter um forte impacto na corrente comercial do país com o Brasil, segundo analistas. A possibilidade de o país adotar novas medidas para tentar conter a saída de dólares não está descartada.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz que a situação das trocas comerciais com a Argentina, que já era ruim, deve piorar. Ele explica que, com o default, nenhum banco vai oferecer cartas de crédito para o país, o que fará com que grande parte das importações seja paga praticamente à vista. "Os exportadores brasileiro vão ter muito mais cautela nas negociações e podem mesmo deixar de exportar para a Argentina por conta do risco comercial", disse.
Em queda
No primeiro semestre deste ano as exportações para o país somaram US$ 7,42 bilhões, uma queda de 19,8% em relação ao ano passado. A previsão é que esse ritmo de retração deva se aprofundar, fazendo com que o resultado no acumulado do ano fique bem distante dos US$ 19,61 bilhões vendidos ao país em 2013.
Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria Integrada, explica que, com o calote, a atividade econômica na Argentina deve se deteriorar ainda mais, com a desvalorização do peso e o aumento na inflação.
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Confira guia com perguntas e respostas sobre as causas e consequências do calote argentino em 1487891
O governo argentino pode recorrer a instituições multilaterais para não ter que pagar a dívida que não reconhece como legítima a dos credores que ficaram de fora das negociações de 2005 e 2010. O chefe de Gabinete, Jorge Capitanich, citou o Tribunal de Haia e a assembleia das Nações Unidas como possíveis alternativas.
A presidente Cristina Kirchner reforçou ontem a ideia, dizendo que o país "vai usar todos os instrumentos legais, de direito nacional e internacional" para não ter que pagar mais aos fundos "abutres" do que desembolsa aos credores dos títulos negociados (que valem cerca de 30% do valor original).
Ela reafirmou, como membros do governo vêm dizendo, que, apesar de os credores não terem recebido o pagamento que venceu na última quarta-feira, não houve calote, pois a Argentina depositou o dinheiro. "Dizer que há um calote é uma tontice atômica", reforçou em uma coletiva o ministro da Economia, Axel Kicillof.
Audiência
O juiz americano Thomas Griesa convocou uma audiência para a manhã de hoje sobre o caso da dívida argentina. Especula-se que representantes de bancos privados estariam negociando com os credores que não trocaram seus papeis e que ganharam na Justiça americana o direito de receber US$ 1,3 bilhão da Argentina.
O pagamento a eles teria que ser simultâneo ao da outra parcela da dívida, que venceu na quarta-feira, com o grupo que renegociou seus títulos.
De acordo com o Wall Street Journal, o banco JP Morgan está reunido com alguns fundos litigantes. A proposta seria comprar 100% dos títulos, o que resolveria o calote. Em troca, os credores concordariam em interceder por uma suspensão da execução da sentença ante a Justiça americana, dando a chance de a Argentina pagar a parcela dos títulos reestruturados (e que está congelada).
Água fria
O calote técnico decretado pela Argentina enterrou de vez qualquer possibilidade de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia ainda neste ano. A avaliação é que não há clima neste momento. De acordo com técnicos do governo brasileiro, a hipótese de um entendimento só é viável se, em uma primeira etapa, a zona de livre comércio não incluir os argentinos.
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