Depois de uma série de anúncios para impulsionar o consumo e reaquecer a economia, a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, prepara um cronograma de pagamento dos vencimentos da dívida externa para gerar um choque de confiança e afastar o fantasma do default.

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Fontes oficiais confirmaram à Agência Estado que o anúncio está programado para os primeiros dias de janeiro, mas a data certa ainda não foi marcada. Será uma mensagem de tranqüilidade para "os especuladores de plantão", como disse uma das fontes. O objetivo é mostrar que "a Argentina tem condições de honrar seus compromissos", ressaltou.

Na segunda-feira, o chefe de Gabinete da Presidência, Sergio Massa, fez várias declarações à imprensa no sentido de mostrar que o governo tem a convicção de cumprir o pagamento da dívida que entre janeiro a setembro de 2009 chega a US$ 16,48 bilhões, sendo que US$ 13,2 de amortização de capital e o restante de juros.

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A equipe econômica estuda a melhor forma para o plano de financiamento a ser apresentado e avalia se vai incluir a emissão de novas letras, bônus ou colocações no mercado doméstico. "Queremos dar certeza de que vamos cumprir com os compromissos e temos recursos para isso", afirmou a fonte detalhando que a engenharia financeira ainda está sendo desenhada.

A desconfiança sobre a Argentina tem sido uma constante desde o default de dezembro de 2001. Com a conclusão da reestruturação em março de 2005, o país obteve uma leve recuperação no quesito confiança, mas que foi logo para o espaço com a saída do então ministro de Economia, Roberto Lavagna, em outubro do mesmo ano. Com a disparada da inflação a partir de 2006, a ausência de um plano antiinflacionário e a falta de medidas sérias, a desconfiança foi ganhando cada vez mais espaço.

Durante todo esse período, o país viveu com dinheiro próprio e de empréstimos do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Com a queda do petróleo, a baixa das reservas venezuelanas, a inflação naquele país e toda a situação social e financeira complicada, a Argentina perdeu sua fonte de financiamento. A crise financeira internacional complicou o cenário para a Argentina com a queda das commodities, principal fonte de entrada de divisas no país, e com a retração dos mercados mundiais, que reduziram suas demandas de matérias primas.

Diante de tantos fatos negativos, a Argentina passou a ser vista pelos especialistas como séria candidata a um novo default de sua dívida de cerca de US$ 140 bilhões, mesmo volume registrado durante o default de 2001. Nos anúncios previstos, o governo incluiria o processo de negociação para o pagamento da dívida com o Clube de Paris e a reabertura das negociações de troca de bônus que ainda se encontram em default nas mãos dos denominados holdouts, aqueles investidores que não entraram na reestruturação de 2005.

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