Governo argentino disse que vai revisar números "imprudentes" da companhia
O governo argentino anunciou na terça-feira (17) que vai revisar os "números" apresentados de forma "imprudente" pelos diretores da companhia petrolífera YPF, assim que tiver acesso as "informações secretas".A afirmação é do vice-ministro de Economia e interventor da YPF, Axel Kicillof, diante do Senado argentino."Havia muitas informações [da YPF] que não estavam disponíveis para as autoridades", sustentou Kicillof, quem o meio empresarial considera com um dos principais articuladores da desapropriação da companhia petrolífera da espanhola Repsol.
Durante seu comparecimento ao Senado, onde nesta terça-feira começou o trâmite do projeto de lei de desapropriação de 51% das ações da Repsol na companhia petrolífera argentina, Kicillof disse que a "YPF serviu de fonte de recursos para solver a expansão internacional" do grupo espanhol.
O vice-ministro detalhou que a "Repsol é uma companhia que buscou maximizar seu lucro, o que é legal, mas nessa busca os interesses do grupo se chocaram com os interesses do modelo de crescimento argentino, como inclusão social e dessa forma a convivência se tornou difícil".
Nesta semana, o governo pretende avançar na aprovação no Senado do projeto de lei de desapropriação para iniciar a tramitação na Câmara dos Deputados.
O Departamento de Estado americano declarou nesta quarta-feira (18) que está "muito preocupado" pela decisão do governo argentino de expropriar as ações da petroleira YPF pertencentes à espanhola Repsol, anunciada na segunda pela presidente Cristina Kirchner.
De acordo com o porta-voz do órgão americano, Mark Toner, a decisão "cria um clima de investimento muito negativo" e pediu ao país para que "normalize sua relação com a comunidade financeira internacional".
Nesta quarta, as ações da petroleira argentina registram perda de 24,54% por volta das 15h30, uma hora e meia antes do fechamento da Bolsa de Buenos Aires. Os papéis da YPF custavam 81,50 pesos (R$ 34), 26,50 a menos que no fim do expediente do mercado.Agentes financeiros consideram iminente uma interrupção na venda das ações para evitar queda maior nos títulos da companhia.
Moody's
Na terça-feira (17), a agência de medição de risco Moody's rebaixou a classificação da companhia petrolífera argentina YPF, refletindo a incerteza sobre a forma como procederá a administração argentina.Conforme o comunicado, a Moody's rebaixou a classificação da YPF em escala global e moeda local para "B3" a partir de "Ba3", ambos em território de "bônus lixo" e a classificação em escala nacional para "Baa3" a partir de "Aa2".
O serviço de investidores dessa agência indicou que "as qualificações continuam em revisão para possíveis rebaixamentos".Diante da "iminente" nacionalização parcial da YPF por parte do Governo argentino, classificado em B3 (bônus lixo), em contraposição ao prévio controle majoritário da Repsol YPF (Baa2, aprovado), a Moody's "considera que a YPF não deveria ter uma qualificação mais alta do que a do Governo e igualou as classificações".
"A revisão para baixo reflete a incerteza com relação à maneira como o Governo administrará a YPF, incluindo a incerteza em torno do futuro perfil operacional e financeiro da companhia", ressalta a agência.
O ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido, afirmou na terça que negociará com a empresa espanhola Repsol o valor da indenização pelas ações expropriadas pelo governo Kirchner.Mais cedo, o presidente da companhia, Antonio Brufau, criticou a proposta da presidente e afirmou que pedirá "mais de US$ 10 bilhões de indenização". "Vamos aceitar o que proponha a lei, que fixará um valor", afirmou De Vido, que reclamou dos danos ambientais e patrimoniais ocasionados pela empresa.
"Os senhores governadores tem muitas reclamações para fazer. Deixaram fotos do desastre que ficou a infraestrutura de produção. Isso, nesse momento da história, tem seu custo e vão ter que pagar, porque o meio ambiente não se rifa, tem um preço. Vamos ser absolutamente inflexíveis".O ministro afirmou que os eventuais prejuízos ambientais serão considerados no momento em que se determine o valor da indenização.
Em sessão no Senado argentino, De Vido ainda bateu boca com senador da União Cívica Radical (UCR) Luis Naydenoff, quem lembrou que os Kirchner apoiaram a privatização da YPF em 1992, no governo de Carlos Menem.
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