A Argentina propôs na terça-feira que os países do Mercosul se empenhem em substituir suas importações por produtos locais, além de impor "medidas comerciais defensivas" para proteger sua indústria.

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Representantes do bloco comercial sul-americano --que inclui também Brasil, Paraguai e Uruguai-- reuniram-se em Assunção para discutir o comércio regional, antes de um encontro de cúpula entre presidentes de países do bloco na quarta-feira.

"O bloco precisa aprofundar o processo de substituição de importações de produtos de fora da zona, de modo a aumentar a escala da produção dentro da zona", disse a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, em nota.

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Essa política, segundo ela, aumentaria a competitividade da região e ajudaria a se integrar à economia mundial.

Fernando Masi, funcionário do ministério paraguaio da Indústria, disse a jornalistas que os produtos baratos importados da China são uma preocupação específica.

"Há muitos problemas no sentido de que o Mercosul tem poucas defesas contra a invasão de produtos chineses", disse ele a jornalistas.

"Eles (os ministros) não conversaram sobre uma proposta precisa, mas a Argentina trouxe a ideia de melhorar os instrumentos comerciais defensivos."

O Mercosul é um grande exportador de grãos e de outras commodities, enquanto importa grande parte de seus bens de consumo.

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A demanda por alimentos, energia e minerais de países do Mercosul sobe cada vez mais, porém o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, disse que também quer ver o bloco aumentar sua oferta de exportações de manufaturados."Não queremos continuar vendendo commodities e importando produtos de valor agregado", ele disse, acrescentando que o Mercosul explorará a ideia de incluir Bolívia e Equador como membros plenos do bloco.

Também está na pauta da reunião a proposta argentina de uma política automotiva unificada para o bloco.

Neste mês, Argentina e Brasil deram passos para resolver suas disputas nessa área, embora ainda permaneçam barreiras no comércio de veículos e autopeças, o que está no centro da polêmica, especialmente desde que no mês passado Brasília decidiu adiar a concessão de autorizações para a importação de carros.

A disputa chama a atenção de investidores internacionais preocupados com o crescente protecionismo nos mercados emergentes, num momento em que distorções cambiais e disparidades no crescimento global causam tensões econômicas.

"O problema é que não há um mecanismo crível dentro do Mercosul para resolver disputas comerciais", disse Boris Segura, economista-sênior da Nomura International Securities.

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"Então, se o comércio aumenta dentro do bloco, deve haver mais guerras comerciais entre os membros."

Argentina e Brasil tiveram um comércio bilateral em torno de 32 bilhões de dólares em 2010, com um superávit de 4 bilhões de dólares a favor do Brasil.

As montadoras argentinas enviam cerca de 80 por cento da sua produção de veículos para o Brasil, e esse setor tem sido crucial para o crescimento econômico argentino nos últimos anos.

"O comércio intra-Mercosul tem sido uma das chaves para superar a crise internacional, razão pela qual buscamos diferentes ferramentas para nos ajudar a continuar avançando. Uma delas tem a ver com o comércio em moeda local", disse o ministro argentino da Economia, Amado Boudou.

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