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Argentina faz contagem regressiva para o calote

O chefe de gabinete Jorge Capitanich pediu calma ao povo antes do default: “Vamos defender os interesses do país” | EFE
O chefe de gabinete Jorge Capitanich pediu calma ao povo antes do default: “Vamos defender os interesses do país” (Foto: EFE)

Com dramatismo digno de um tango, muitos argentinos se perguntam, em meio à disputa judicial entre a Casa Rosada e os chamados "fundos abutres" nos tribunais de Nova York, se existirá vida depois do próximo dia 30 de julho. Nessa data vence o prazo para que o país possa alcançar um acordo com os credores que não participaram das operações de reestruturação da dívida de 2005 e 2010, os "holdouts", e evitar um cenário inédito no mundo: um calote técnico, ou seja, não por falta de recursos ou vontade, mas sim por uma impossibilidade judicial, já que o juiz Thomas Griesa, encarregado do caso, exige que qualquer pagamento aos credores reestruturados inclua, também, os abutres.

Analistas econômicos, investidores e operadores de mercado estão em clima de contagem regressiva e ninguém se atreve a antecipar o que acontecerá a partir da próxima quarta-feira, caso o governo da presidente Cristina Kirchner não consiga selar um entendimento com os fundos NML, do milionário Paul Singer, Aurelius Capital e outros "holdouts" que foram favorecidos por uma sentença questionada por todos os governos latino-americanos, autoridades de outros países como Rússia, Suíça, Itália, o Grupo dos 77 mais China, até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e jornais de prestígio internacional como o Financial Times.

"As consequências não serão iguais às do calote de 2001, e haverá vida depois do dia 30. O que não sabemos é que tipo de vida, onde estaremos e como estaremos", opinou Daniel Marx, diretor executivo da Quantum Finanças. Segundo ele, um dos principais especialistas em dívida da Argentina, "estamos vivendo uma situação que não está controlada, por isso não sabemos quais serão os efeitos de uma eventual suspensão de pagamentos". Marx não descarta a possibilidade de que os "fundos abutres" solicitem ao juiz a reposição de uma liminar que suspenda a aplicação de sua sentença e permita à Argentina negociar sem correr o risco de sofrer embargos.

Nesse cenário, a Casa Rosada poderia continuar pagando seus vencimentos aos credores reestruturados e evitaria o calote. Mas Griesa já negou várias vezes essa solicitação e insiste que o governo argentino deve discutir uma solução com os abutres. Cristina e o ministro da Economia, Axel Kicillof, resistem, principalmente, porque o principal temor da equipe econômica é que seja ativada a cláusula Rights Upon Future Offers (Rufo). Ela estabelece que caso uma oferta aos "holdouts" seja feita – o que obrigatoriamente implicaria melhorar as condições das trocas de 2005 e 2010 –, deverá reconhecer os mesmos direitos aos credores reestruturados.

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