A Argentina não conseguiu fechar um acordo com os fundos credores dos Estados Unidos, que a Casa Rosada chama de "abutres". Com isso, o país entra em "default iminente", de acordo com um comunicado do advogado Daniel Pollack, o mediador designado pelo juiz Thomas Griesa para as negociações entre a Casa Rosada e os fundos.
"Infelizmente não foi alcançado um acordo", disse o comunicado distribuído logo após a reunião de seis horas desta quarta-feira, 30, de Pollack com o ministro da economia da Argentina, Axel Kicillof. O ministro, porém, nega que o país tenha dado o calote.
Em uma disputada entrevista a jornalistas no início da noite desta quarta-feira (30), Kicillof não reconheceu o default e afirmou em vários momentos que o país vem pagando e vai continuar pagando seus compromissos financeiros. Recentemente, disse ele, a Argentina desembolsou US$ 650 milhões para o Clube de Paris.
Além disso ele destacou outros recursos depositados em bancos e que o juiz Thomas Griesa impediu a distribuição aos credores. "Me surpreendeu negativamente (o comunicado de Pollack)", afirmou o ministro. "A Argentina não aceitará qualquer acordo que comprometa futuras gerações", afirmou. "O país fez e continuará fazendo os pagamentos da dívida reestruturada."
Questionado sobre a decisão da Standard & Poor's (S&P), que hoje rebaixou o rating do país para "default seletivo", Kicillof disse que ninguém mais acredita nas agências de classificação de risco, que não souberam alertar o mundo dos riscos das hipotecas na época da crise de 2008.
O ministro afirmou que os fundos dos EUA não aceitaram as propostas feitas pelo governo, que buscavam adiar a execução da sentença dada em 16 de junho, que determina o pagamento de US$ 1 3 bilhão aos fundos dos EUA até esta quarta-feira. Kicillof afirmou que o país fez outra proposta, de uma troca ("swap") que daria aos "abutres" um lucro de 300%, segundo o ministro. "Mas eles não aceitaram, porque querem mais", afirmou.
Nesta quarta-feira, terminou o prazo para a Argentina pagar US$ 1,3 bilhão aos fundos dos EUA, chamados de "holdouts", conforme sentença da Suprema Corte dada em 16 de junho. Sem pagar esta dívida, o país foi impedido por Griesa de pagar cerca de US$ 830 milhões aos fundos que aderiram às reestruturações da dívida de 2005 e 2010. O país depositou, por exemplo, US$ 540 milhões no Bank of New York e o dinheiro ainda está retido na instituição. Kicillof classificou na entrevista de hoje a situação de "insólita e inédita".
Nos últimos dias, os credores e advogados correram contra o tempo para tentar evitar o calote da Argentina. Ontem, credores com bônus denominados em euro do país entraram com um pedido de emergência para a suspensão da sentença que determina o pagamento aos "holdouts". Além disso, estes fundos abriram mão da chamada cláusula Rufo, que exige os mesmos benefícios aos credores da dívida reestruturada dos oferecidos aos "holdouts".
A cláusula Rufo, que vence em dezembro deste ano, foi constantemente citada pela Argentina nas conversas como o principal empecilho para o avanço das negociações e por Kicillof na entrevista hoje. Por isso, o país entrou com três pedidos de suspensão da sentença desde 16 de junho, todos negados por Griesa.
Desde o dia 22, quando Griesa insistiu para que as partes negociassem 24 horas por dia, quatro reuniões foram realizadas no escritório de Pollack, todos com representantes do governo argentino. Ontem, foi a primeira vez que as duas partes sentaram à mesma mesa. Até então, argentinos e fundos mantinham conversas em momentos separados com o advogado.
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