O governo argentino chega a Nova York nesta quarta-feira (13) com um advogado novo, mas sem uma proposta concreta para a negociação com os fundos abutres. Apelidados assim pelo governo kirchnerista, correspondem a 8% dos credores que não aceitaram a renegociação da dívida externa relativa ao calote de 2001.

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Um acordo entre as partes pode inserir novamente o país no mercado internacional de crédito.

Desde meados de 2014, quando o governo de Cristina Kirchner se recusou a acatar a decisão da Justiça americana que obrigava o pagamento dos fundos credores, a Argentina não tem acesso a financiamentos estrangeiros.

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Nessa primeira rodada de negociações oficiais do governo de Maurício Macri, o país irá com cautela e com a estratégia de não ceder a pressões de Wall Street.

Macri disse nesta terça (12) que espera um acordo “razoável” para a Argentina. “Diremos ao mediador que há uma mudança aqui, uma outra visão em relação às nossas dívidas.”

O presidente afirmou ainda, em entrevista coletiva, que a dívida é um fator limitante ao crescimento do país.

Segundo o chefe de pesquisas da consultoria Ecolatina, Juan Pablo Paladino, voltar ao mercado internacional de capitais é essencial para a política econômica que o novo presidente pretende adotar.

“O país precisa de financiamento externo para poder controlar a taxa de câmbio e aumentar suas reservas, que hoje são baixas, entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões.”

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Desde o começo deste ano, a Argentina adquire dólares com a exportação de cereais. “Mais isso não durará para sempre”, acrescentou Paladino.

Um acordo com os credores também ajudaria o país a reduzir seu problema fiscal e a segurar a inflação, de acordo com o economista Juan Pablo Ronderos, da consultoria Abeceb.

O deficit fiscal argentino ficou em torno de 6% no ano passado. “Para atenuá-lo, o Banco Central pode emitir dinheiro, gerando inflação, ou o governo pode pegar crédito no exterior. Para conseguir esse crédito, é preciso negociar com os fundos.”

Defesa

O secretário de Finanças argentino, Luis Caputo, é o enviado de Macri para as reuniões. Ele irá com um advogado que ainda não havia participado do diálogo: Lee Buchheit, um dos mentores da renegociação da dívida grega.

Buchheit faz parte do escritório Cleary Gottlieb, que assessora o país no litígio desde o governo Kirchner.

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Apesar de contar com o novo profissional, o governo argentino anunciou nesta terça (12) que procura uma banca diferente para liderar as negociações.

O ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, já havia demonstrado descontentamento com o Cleary Gottlieb -que deverá continuar no processo, mas com um papel secundário.

Os fundos abutres têm até US$ 10 bilhões em ações contra a Argentina, segundo Daniel Pollack, o mediador designado pelo juiz americano Thomas Griesa para o caso.

Griesa determinou, no primeiro semestre de 2014, que a Argentina deveria pagar US$ 1,3 bilhão a parte dos credores, incluindo ao fundo de investimentos NML, de Paul Singer.

O governo Kirchner, no entanto, decidiu pelo calote. Desde então, as negociações estão travadas.

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