Uma semana depois de a Casa Rosada ter anunciado nova ofensiva protecionista e dois dias após o ministro do Planejamento, Julio De Vido, ter denunciado cinco companhias petrolíferas, entre elas a Petrobras, por suposta "cartelização" no mercado de diesel (do qual a brasileira detém fatia de 2,3%), o Brasil decidiu reagir por meio do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Nesta quarta-feira (18), durante visita aos EUA, Pimentel referiu-se à Argentina em termos poucas vezes visto por parte de um alto funcionário brasileiro.
"A Argentina tem sido um problema permanente. Temos boas relações políticas, mas economicamente é difícil lidar com eles", disse.
O governo de Dilma Rousseff está avaliando as recentes medidas adotadas pelo Executivo da presidente Cristina Kirchner. Semana passada, o governo argentino informou que a partir do próximo dia 1º os importadores do país deverão apresentar uma Declaração Juramentada Antecipada perante à Receita Federal local (Afip).
A autorização ou não das operações estará nas mãos do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, um dos funcionários mais polêmicos do governo argentino. O objetivo de Moreno e sua equipe é impedir que o superávit comercial do país fique abaixo dos US$ 10 bilhões este ano.
Nova medida retardará entrada de importados
Na prática, a nova medida retardará a entrada de produtos no mercado argentino e representará uma nova barreira comercial num mercado considerado importantíssimo para o Brasil. "Temos um superávit comercial de cerca de US$ 6 bilhões com a Argentina", disse Fernando Pimentel.
Em 2011, o comércio bilateral alcançou US$ 35 bilhões e o déficit da Argentina com o Brasil, apesar da aplicação de barreiras como as Licenças não Automáticas, ficou em US$ 5 bilhões.
O ministro brasileiro acrescentou que não vai tentar negociar com o governo argentino antes de a nova medida ser colocada em prática. Mas informações divulgadas pela imprensa argentina indicam que o Brasil solicitou um encontro de emergência com autoridades do governo Kirchner, entre elas a ministra da Indústria, Débora Giorgi. Ela tem uma boa relação com Pimentel.
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