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Arrecadação e crédito em alta mascaram fraqueza, diz analista

Tanto a arrecadação quanto o estoque de crédito subiram em fevereiro, segundo dados divulgados ontem. O recolhimento de tributos federais somou R$ 71,9 bilhões em fevereiro, alta de 5,91% em relação ao mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação. Em relação a janeiro, houve queda de 30,22%, segundo a Receita Federal. No ano, o montante arrecadado soma R$ 174,9 bilhões – crescimento real de 5,99%.

Em fevereiro, houve queda de 2,03% no recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), tributo ligado à produção das indústrias. Por outro lado, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) teve crescimento de 37,9%, puxado principalmente pelo aumento do pagamento por instituições financeiras (leia mais nesta página). As operações de crédito do sistema financeiro cresceram 0,4% em fevereiro e atingiram a cifra de R$ 2,03 bilhões, segundo o Banco Central. Em 12 meses, a expansão registrada foi de 17,3%.

Análise

O avanço da arrecadação no primeiro bimestre de 2012 é reflexo, sobretudo, da evolução do mercado de trabalho no país, puxado pelo setor de serviços. Já o setor de serviços tem sido beneficiado pela forte concessão de crédito, nos números do Banco Central. Essa é a opinião do economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, para quem os fracos resultados da indústria de janeiro a março indicam que o nível de atividade do país está frágil.O impulso da renda dos trabalhadores neste ano deve levar o varejo restrito a apresentar uma elevação de 10% ante 2011. O nível de emprego no país, que aumenta a formalização das empresas, e a manutenção do bom ritmo do consumo devem elevar a receita do governo em 12% nominais neste ano em relação ao ano passado.

No entanto, para Vale, um contraponto a esse parcial quadro favorável da economia é o fraco desempenho da produção industrial, que caiu 3,4% em janeiro ante o mesmo mês do ano passado. Ele estima que em fevereiro esse indicador deve apresentar uma retração de 7,7% ante mês semelhante do ano passado, enquanto para março ele acredita que deva ser registrada uma queda de 4% em relação a março de 2011.

Vale ainda prevê alta do PIB de apenas 0,5% no primeiro trimestre, na margem. "Estamos com uma estimativa de PIB de alta de 3,5% neste ano. Mas, devido ao desempenho abaixo do esperado da economia nestes três primeiros três meses do ano, nossa previsão para o Produto Interno Bruto em 2012 será revista e deve ficar próxima de 3%", comentou.

Sergio Vale projeta que a atividade do setor manufatureiro deve cair 5% no primeiro trimestre ante os mesmos três meses do ano passado. Esse resultado negativo tende a fazer com que o PIB do país de janeiro a março fique nulo ante o mesmo período de 2011. "A produção industrial deve crescer somente 1,7% em 2012, mesmo depois de ter ficado estagnada e ter apresentado um avanço de apenas 0,3% em 2011", destacou.

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