Um relatório divulgado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, destaca que o encerramento da colheita do cereal no estado gaúcho confirma que não há justificativa técnica para a importação de arroz por parte do Governo Federal.
Os dados mostram que a colheita se encerrou com uma produção de 7,16 milhões de toneladas. Ainda segundo o Irga, foram semeados 900 mil hectares de arroz irrigado. Destes, foram colhidos cerca de 851 mil hectares, o que corresponde a 94,61% da área semeada.
Em declarações reproduzidas no portal de notícias do governo estadual, o secretário-interino da Agricultura, Márcio Madalena, afirmou que os números mostram que não há justificativa para a compra de arroz importado para garantir abastecimento.
“Os dados trazidos no relatório superam, inclusive, com pequena margem, as estimativas que tínhamos antes das enchentes. Isso nos dá segurança para manter o posicionamento de que nunca houve justificativa técnica que comprovasse a tendência de desabastecimento de arroz no Brasil, em função da calamidade pública do Estado”, afirmou o secretário.
O discurso é reforçado por Rodrigo Machado, presidente do Irga: “Os dados desta safra comprovam o que o Irga já vem manifestando desde o início do mês de maio, que a safra gaúcha de arroz, dentro da sua fatia de produção no mercado brasileiro, garante o abastecimento do país. Dessa forma, não há, tecnicamente, justificativa para a importação de arroz no Brasil”, afirmou.
O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção brasileira de arroz.
O fracasso do leilão de arroz
Lembrando que, mesmo após todo o fracasso que envolveu o primeiro leilão para compra de arroz internacional por parte do Governo Lula, a gestão petista já anunciou que irá promover uma nova tentativa de comprar o cereal. A justificativa seria tentar evitar a alta dos preços.
A decisão da realização de um leilão foi anunciada poucos dias depois do início das inundações no Rio Grande do Sul, quando o governo Lula anunciou que iria intervir no mercado e comprar 1 milhão de toneladas de arroz.
Reportagem da Gazeta do Povo mostrou que toda a intervenção foi feita a partir de um “achismo” do presidente da República. Ainda em 7 de maio, ele afirmou: “Com as chuvas, acho que nós atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Portanto, se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter de importar arroz".
Ao justificar a intervenção no mercado em plena safra, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o problema era a concentração de 70% da produção no Rio Grande do Sul. Segundo ele, a tragédia das enchentes dificultaria o escoamento do arroz, além de encarecer os fretes. Tese que, como também mostrou a Gazeta do Povo, foi ficando cada vez mais frágil.
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