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Arte

Artista carioca leva “natureza morta” dos games para as telas

Danilo Ribeiro: capas dos jogos foram suas primeiras inspirações | Fábio Motta/AE
Danilo Ribeiro: capas dos jogos foram suas primeiras inspirações (Foto: Fábio Motta/AE)

A ironia de uma pintura com o título "Natureza Morta com Play­­­Station 2" que retrata um am­­biente da maioria das casas de hoje é uma das razões pelas quais o artista plástico Danilo Ribeiro, 28 anos, decidiu questionar em suas obras como os elementos dos videogames es­­tão absorvidos na cultura contemporânea, ou pelo menos na de qualquer jovem – já não tão jovem assim – como o pintor carioca.

"É uma brincadeira. Já existia natureza morta com cesto de fruta ou com peixe, por exemplo. Eu quis fazer natureza morta com PlayStation 2", conta. "As pessoas estranham um elemento contemporâneo, mas será que antigamente as pinturas de natureza morta também provocavam essa sensação?"

Ribeiro, que também é professor de arte, passou a explorar o tema dos games em suas obras e criou uma série de pinturas em que faz referências a jogos fa­­mosos que fizeram parte da sua vida. No ano passado, os qua­­dros fizeram parte de uma exposição em São Paulo, organizada pela galeria Baró.

Há objetos mais claramente identificáveis, como o controle do Xbox 360, mas também é pos­­sível reconhecer outras referências dos games, como uma cena do jogo The Sims, a ambientação de Castelvania ou mesmo a posição de luta dos personagens Ken, de Street Fighter, e Scorpion, de Mortal Kombat, em um quadro que simula um jogo de combate entre os clássicos games de luta.

"Assim como o cinema modificou a nossa percepção, acredito que os quadros que eu estou fazendo têm uma visualidade que daqui por diante vai ser uma coisa absorvida por todo mundo, que vai se tornar um modelo, um paradigma visual", diz, contando que se inspirou também pelas ideias do pintor norte-americano Edward Hop­per (1882- 1967), de usar enquadramentos do cinema em suas pinturas.

Na maioria dos quadros, o pró­­prio Ribeiro serve de modelo para retratar cenas e ângulos mui­­to presentes nos jogos, co­­mo se ele mesmo estivesse dentro dos games de que gosta. "É como realizar um sonho de crian­­ça, es­­sa coisa de querer entrar no universo do Mario, de Zelda. Coloco a minha imagem dentro desses mundos", diz. Ele conta que gostava de desenhar na infância e as capas dos games, sempre com suas ilustrações exa­­geradas, foram suas primeiras referências artísticas.

Em cada quadro, Ribeiro quis representar gêneros de games diferentes. Os títulos das obras revelam do que se tratam: jogos de luta, de tiro em primeira pessoa, simuladores ou ga­­mes com planos em duas di­­mensões. Como uma metalinguagem, ele usa os elementos desses gêneros para criar uma imagem em que os jogadores estão imersos dentro dos jogos com que interagem.

Quase todas as pinturas da série foram vendidas, o que ajudou, particularmente, a realizar um outro sonho de adolescente: jogar o remake de "Resident Evil", um de seus favoritos. "De­­pois de oito anos, comprei um Wii só para jogar esse jogo."

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