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concentração de renda

As campeãs de consumo

Confira o mapa do consumo no Paraná e no Brasil |
Confira o mapa do consumo no Paraná e no Brasil (Foto: )

Dez cidades concentram mais da metade do consumo do Paraná. Levantamento da consultoria Target realizado a pedido da Gazeta do Povo mostra que, juntas, Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu, Colombo, Guarapuava e Paranaguá representarão R$ 77,6 bilhões em gastos das famílias em 2011, o que equivale a 53% do potencial total do estado, que deve alcançar R$ 147 bilhões.

Desse total, R$ 38,3 bilhões ficarão em Curitiba, que, depois de dois anos, voltou a figurar como a quinta cidade com maior potencial de consumo do Brasil, depois de perder o posto, em 2008, para Salvador.

O levantamento, batizado de IPC Maps, leva em conta quanto as famílias dos municípios devem gastar em 2011. O estudo, que toma como base dados coletados junto ao IBGE, computa despesas como alimentação dentro e fora do domicílio, manutenção do lar, artigos de limpeza, eletrodomésticos e equipamentos, vestuário, calçados, transporte, higiene e cuidados pessoais, medicamentos e saúde, educação, recreação, viagens, fumo e outras despesas, como aquisições de imóveis.

As dez cidades com maior poder de compra, além de serem representativas do ponto de vista populacional – 40% do total –, agregam mais emprego e salários médios maiores, o que ajuda a explicar por que o consumo no estado é puxado por esses municípios, de acordo com Julio Suzuki, coordenador de análise conjuntural do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).

"Em geral são municípios com uma estrutura produtiva mais baseada na indústria, que, tradicionalmente, paga remunerações superiores à da agropecuária, por exemplo. São cidades que também têm uma presença maior da administração pública, cujos empregos também têm uma média de salários superior à da iniciativa privada", acrescenta.

A concentração do poder de compra é uma característica brasileira, mas no Paraná ela é maior. Em termos nacionais, as dez maiores cidades participam com 26% dos gastos das famílias.

O consumo forte coloca essas cidades na rota de investimentos de indústrias, do comércio e dos serviços, mas também ajuda a polarizar o desenvolvimento. Hoje 5% das cidades do Paraná concentram mais de 50% das população, 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e 74% do PIB industrial. As dez cidades que estão na lanterna do ranking – com menor potencial de consumo no estado – devem somar, juntas, gastos de apenas R$ 144 milhões.

Concentração

"O desafio para diminuir essa concentração é promover a descentralização da economia. Alguns estados vêm conseguindo fazer isso, como São Paulo e Santa Catarina. Nós ainda estamos pelo menos oito anos atrasados nessa estratégia", diz o secretário de Planejamento e Coordenação Geral, Cassio Taniguchi.

O movimento de concentração do consumo começou nos anos 70 e se consolidou nos anos 80, com a migração da população do campo para as cidades maiores, e foi reforçada à medida que os municípios de médio porte e a capital foram atraindo mais investimentos.

Para o economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), falta ao Paraná um plano de desenvolvimento econômico que leve em consideração a necessidade de gerar empregos de maior valor agregado e com maiores salários em regiões menos favorecidas.

"Não se trata apenas de conceder incentivo. É preciso pensar no tipo de investimento, na qualidade do emprego e na renda para estimular o consumo. E isso tem um custo fiscal e de infraestrutura. Há uma vontade e um discurso de mudança, mas as atuais condições apontam para o sentido contrário", diz.

Segundo Cordeiro, um exemplo disso é a própria infraestrutura rodoviária do estado, que está centrada no Anel de Integração. "O próprio Anel acabou criando um eixo concentrado de desenvolvimento para essas cidades", considera.

Migração

As campeãs de consumo também têm em comum a forte migração social, com mais pessoas ingressando nas classes C e B, movimento que deve se manter por pelo menos mais cinco anos, segundo Marcos Pazzini, coordenador do levantamento.

Nas dez cidades que vão gastar mais no Paraná, a classe B – famílias com renda entre R$ 2,75 mil e R$ 4,9 mil – representará entre 40% e 50% do potencial de consumo.

Apesar de ainda altamente concentrado no Brasil, o consumo vem ganhando espaço em cidades de médio porte e há uma perda relativa da participação das capitais. Em 1996 e 1997, as capitais lideravam o consumo nacional, com 45% de participação.

Neste ano, a participação das capitais será de 32,7%, ante os 34,5% registrados em 2010. Em valor, a participação das 27 capitais brasileiras será equivalente a R$ 802,8 bilhões.

Curitiba gastou R$ 10 bi a mais no ano passado

A capital paranaense voltou a ser a quinta cidade com maior potencial de consumo do Brasil em 2011. Curitiba havia perdido em 2008 o posto para Salvador, que, no embalo do crescimento da classe média e dos programas de redistribuição de renda, ganhou espaço no ranking nacional. "Como Salvador registrou uma queda de potencial de consumo mais expressiva, Curitiba reassumiu a colocação", afirma Marcos Pazzini, diretor da Target. Neste ano, as famílias curitibanas deverão gastar R$ 38, 3 bilhões na economia – pouco menos do que no ano passado, R$ 38,7 bilhões –, mas ainda assim bem acima de 2009.

A cidade engordou seu consumo em cerca de R$ 10 bilhões somente no ano passado, reflexo sobretudo do fortalecimento da classe B, que representa hoje 42,3% dos domicílios – parcela superior, inclusive, ao número de domicílios da classe C (39,6%). De acordo com o levantamento, a classe B deve responder por 48,6% do consumo total – contra 20,1% da classe C.

A taxa recorde de crescimento do emprego em Curitiba no ano passado, o aumento da renda e o salário mínimo regional são estímulos ao consumo, segundo Christian Majzak, analista da GO4! Consultoria. O crescimento do poder de compra na capital também coincidiu com o boom imobiliário nos últimos dois anos, gerando um ciclo "virtuoso" de geração de renda e emprego, segundo Majzak.

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