Berlim se tornou um ímã para artistas.| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo A consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) fez um estudo sobre cidades que estão liderando o fenômeno chamado de “economia criativa”. Cinco locais foram destacados pelo relatório como modelos que combinam políticas públicas, ambiente cultural e ambiente de negócios que estimulam uma área da economia que depende da criatividade para florescer. Estão nesse segmento a música, arquitetura, artes visuais, culinária, cinema, softwares, entre outros.
A lista da EIU tem cidades em três continentes: Austin, Berlim, Cidade do México, Mumbai e Seul. A consultoria também listou as cidades “emergentes” na economia criativa. Nenhuma fica no Brasil: Abu Dhabi (EAU), Buenos Aires (Argentina), Dublin (Irlanda), Kyoto (Japão), Lagos (Nigéria), Qingdao (China), Varsóvia (Polônia) e Wellington (Nova Zelândia). Para o Brasil fica a lição de que é preciso correr para as nossas cidades se destacarem no cenário global. A concorrência é grande.
Berlim: Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, a capital alemã virou um ímã para artistas de toda a Europa. O clima de liberdade fomentou a criação de escolas de arte, galerias e exposições, gerando um ciclo que se refletiu no maior fluxo de turistas para a cidade e na abertura de novos restaurantes e cafés. Além disso, a população participa de votações para decidir o futuro da cidade – um exemplo foi um referendo em que se decidiu deixar as margens do Rio Spree aberta ao público em um local onde foi construído um complexo imobiliário. Austin: A cidade texana de Austin é conhecida pela cena musical. A cidade tem mais de 200 espaços para a apresentação ao vivo de músicos. O local vem atraindo uma população jovem e passa por um boom na área de tecnologia da informação. A virada em direção à indústria criativa começou nos anos 80, quando foram atraídas duas grandes empresas do setor de TI. Na esteira desse investimento, vieram outros negócios. O poder público colaborou com políticas para reduzir restrições a pequenos negócios. O resultado foi que a cidade passou bem pela crise de 2008. Seul: A capital da Coreia do Sul é o paraíso para quem gosta de games. Essa indústria se desenvolveu em um ambiente de rápida adoção de tecnologia e um gosto particular por cultura pop que também estimulou os setores de música e cinema. A cidade se beneficiou de uma mudança de enfoque em políticas públicas depois da crise econômica de 1997: a indústria cultural virou uma opção à indústria pesada para acelerar o crescimento do país. Hoje, Seul está repleta de startups e neste ano inaugura a Sangam Digital Media City, um projeto da prefeitura que vai abrigar investimentos na indústria criativa. Mumbai: A cidade indiana de Mumbai é conhecida por ser a capital do cinema do país, Bollywood. São produzidos ali mais de 900 filmes por ano. Esse setor fez com que outros criadores culturais se desenvolvessem em seu entorno. São estúdios de design, moda, mídia e música que cresceram no ambiente de Bollysood. Além disso, a cidade se destaca como um centro importante na área de TI. O setor público também participa da transformação da cidade e no momento debate com a comunidade como desenvolver uma área de docas abandonadas. Cidade do México: A cena de arte contemporânea está borbulhando na capital do México, onde foram abertas dezenas de novas galerias na última década. Essa expansão artística veio depois de a cidade se destacar como um centro de criação de programas para a TV. Hoje, o México é o maior exportador de bens culturais da América Latina e tem muitos cursos na área de criação cultural, como cinema, design e mídia digital.