Mais uma história sobre terrorismo. Mais uma campanha que leva o jogador a dar uma volta ao mundo. Um multiplayer competitivo e com milhões de usuários. E mais alguns recordes quebrados. O roteiro pré-definido que se segue após o lançamento de um novo Call of Duty pode esconder o fator crucial: a série continua avançando com uma jogabilidade afiada fundida com um design de fases que não deixa a adrenalina cessar. Call of Duty: Black Ops II, que se tornou o produto de entretenimento com maior faturamento da história (US$ 500 milhões) nas primeiras 24 horas de vendas, reforça a tese. Este é o produto cultural mais relevante da atualidade.
Em Black Ops II, o jogador participará de duas "guerras frias" em períodos distintos. A primeira delas é baseada nos anos 70 e 80, com armamentos reais. No passado, o jogador acompanha o agente especial Alex Mason em missões nos EUA, América Central e Afeganistão. Na "segunda guerra fria", lá pelos idos de 2020, será a vez de encarnar David Mason, filho de Alex, em uma perseguição contra o terrorista Raul Menendez, que tenta fabricar uma guerra entre norte-americanos e chineses. Apesar de se passar no futuro, novidade em Call of Duty, o arsenal se mantém o mais realista possível, usando um pouco de liberdade artística apenas na criação de veículos não tripulados, como os droids.
E um dos avanços mais perceptíveis na série que já vendeu mais de 130 milhões de cópias em sua história é uma inédita quebra de linearidade. Pela primeira vez os jogadores terão entroncamentos narrativos. As escolhas influenciam, mesmo que timidamente, no desenrolar da trama. É uma mudança radical num franquia conhecida por guiar o jogador num túnel apertado até o final. Sim, a característica principal da série, as missões extremamente agitadas como se fosse uma corrida de 100m, ainda está lá. O jogo não recua um milímetro na estratégia que vem dando certo há anos. Os momentos de ação são frenéticos e interrompidos apenas por pequenas "cut scenes" providenciais (todo mundo precisar respirar). Nem o avanço, com a possibilidade de fazer escolhas, e que geram finais diferentes para o arqui-inimigo, consegue barrar a velocidade dos acontecimentos.
Além das escolhas, os mapas estão mais inteligentes e permitem ao jogador escolher diferentes estratégias para alcançar um objetivo. Nas versões anteriores, era quase obrigatório seguir a linha traçada pelos desenvolvedores. Qualquer outra ação levava o jogador à morte instantânea. Agora, pode-se escolher caminhos alternativos. Pode-se flanquear inimigos e variar o equipamento conforme a tática adotada. Com isso, Black Ops II se mostra com uma inteligência artificial mais trabalhada e afasta uma de suas principais críticas: a "roteirização excessiva". O multiplayer recebeu poucas melhorias, como personalização e novo sistema de bonificação, o suficiente para manter a série por mais um ano como a mais popular dos jogos FPS.