| Foto: Ilustração: Guilherme Paixão

Goste ou não, é difícil tirar do jogo Pokémon Go a alcunha de “fenômeno”. Lançado no início do mês e hoje disponível em mais de 30 países, o game para celulares já reúne mais de 26 milhões de usuários diários só nos Estados Unidos, país em que se tornou o app mais rentável da App Store em apenas 14 horas, no dia do lançamento. Isto, diga-se de passagem, sem cobrar pelo download do jogo: a receita vem de compras de itens opcionais feitas dentro do game.

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A febre ainda deve se estender, conforme o game chega a novos mercados, e atingirá não só os jogadores, mas também empresas do ramo e desenvolvedores de aplicativos – afinal, todos agora querem tirar uma lasquinha do sucesso. Entenda os diferenciais de Pokémon Go e como eles podem ser replicados em novos games e apps.

Na palma da mão

 
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É preciso reconhecer: a Niantic, desenvolvedora de Pokémon Go em parceria com a Nintendo, não trouxe nenhuma tecnologia ou inovação revolucionária para o game. O que fez foi aproveitar muito bem recursos já disponíveis na maioria dos smartphones, principalmente a câmera (usada para visualizar a realidade aumentada) e o GPS dos aparelhos. O que torna o game acessível a um grande público, que não precisa gastar a mais por isso. “Não há nada particularmente inovador em Pokémon Go. No entanto, o game alavanca recursos já disponíveis nos smartphones”, reforça comunicado da consultoria BI Intelligence.

Realidade aumentada

O principal trunfo de Pokémon Go é popularizar a realidade aumentada, tecnologia que permite inserir objetos virtuais no mundo real, por meio de um instrumento físico (no caso, a tela do celular). Assim, o game permite que o jogador interaja com o mundo real ao mesmo tempo em que busca os Pokémons – para os desenvolvedores, essa é uma tecnologia muito mais acessível e menos complexa do que a realidade virtual, até então vista como a bola da vez. “O Pokémon Go é um divisor de águas. Tínhamos antes uma relação com a realidade aumentada e a partir e agora temos outra, porque um grande público está fazendo uso dessa tecnologia. Isso vai popularizar uma gama gigantesca de outras aplicativos, não só restritos ao mundo mobile”, afirma o coordenador do curso de jogos digitais do Centro Europeu, Diego Lopes.

GPS

Gamers são vistos como indivíduos sedentários, que passam horas sentados em frente à TV ou com a cara colada no celular, certo? Não mais. Utilizando o sistema de localização por GPS dos celulares, o Pokémon Go estimula os jogadores a sair de casa e andar pela ruas e parques para encontrar os “monstrinhos”. O jogo anterior da Niantic, Ingress, já utilizava um sistema de mapas, mas não deslanchou. Essa interação com o mundo real é mais profunda do que parece: certos Pokémons só são encontrados em locais relacionados às espécies. É preciso ir perto de rios e lagos para achar bichinhos aquáticos, por exemplo. O jogo mostra que mesmo gamers ocasionais estão dispostos a sair de casa se tiverem um incentivo à altura.

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Pronto pra lucrar

Na maioria gratuitos, jogos para celulares costumam gerar receita de duas formas: inserindo anúncios entre as partidas e permitindo compras dentro do game. Assim que foi lançado nos Estados Unidos, Pokémon Go gerou US$ 1,6 milhão por dia por meio dessas compras dentro do app. A integração com o mundo real, no entanto, permite novas formas de receita, como a inserção de locais patrocinados no mapa virtual. Além disso, outras empresas estão agindo para surfar no sucesso do game: estabelecimentos estão adquirindo “iscas” que atraem Pokémons para o local e, assim, trazem os caçadores a tiracolo.

Experiência social

A possibilidade de sair à caça de Pokémons ao lado de amigos – e mesmo desconhecidos – é um atrativo à parte, que comprova a eficácia de aplicativos sociais, nos quais é possível acompanhar o progresso e pedir ajuda para outros usuários. As “caçadas coletivas” têm gerado cenas curiosas, com multidões se aglomerando para buscar Pokémons raros e participar de combates com os bichinhos virtuais. “É a ideia certa, na hora certa e do jeito certo. E que mostra, na prática, a capacidade de mobilização digital”, avalia o coordenador do curso de jogos digitais do Centro Europeu, Diego Lopes.

Gadget extra

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O download de Pokémon Go é gratuito e a Nintendo não vai lucrar com a venda de videogames neste caso, já que o “console” utilizado é o celular do usuário. Mas isso não significa que a companhia vai deixar de lucrar com um acessório próprio. Junto do game, foi apresentada uma pulseira inteligente, batizada de Pokémon Go Plus, que vibra para alertar o usuário de que há um Pokémon por perto. O gadget está sendo vendido por US$ 35 e já esgotou na pré-venda – não há dúvidas de que vai “bombar” em vários países. Prova de que mesmo no mundo mobile é possível aliar com sucesso hardware e software, desde que essa integração seja opcional e traga uma experiência nova.