Objetivo é criar padrões versáteis e universais
Um consórcio de estúdios cinematográficos (basicamente todos menos a Disney) se aliou a empresas como a Comcast e Intel em busca de uma estratégia diferente. A iniciativa, chamada de DECE, ou Ecossistema de Conteúdo de Entretenimento Digital, em inglês, envolve a criação de padrões e formatos comuns.
Os estúdios cinematográficos, desesperados em sua ânsia de fazer com que a divisão de filmes para entretenimento doméstico volte a crescer, sofrem para se adaptar a era pós-DVD.
Não faz muito tempo, a maioria dos pesos-pesados de Hollywood relutava em discursar sobre a promessa do entretenimento digital o download e o streaming de filmes e shows de tevê em computadores, televisores com acesso à internet e telefones celulares. Ninguém queria irritar grandes parceiros varejistas como o Walmart ou fazer qualquer coisa que pudesse desacelerar a venda de DVDs.
Entretanto, as tendências de negócios mudaram. Apesar dos discos de DVD e blu-ray ainda serem fonte de lucro garantido para os próximos anos, os executivos do cinema estão finalmente tendo de encarar uma realidade nada confortável: os pequenos discos prateados nunca mais irão recuperar seu poder de vendas. Para crescer, os estúdios precisarão aprender mais sobre a distribuição digital quer seja por razões de conveniência, preço ou queda de consumo.
Pioneira, a Disney anunciou no mês passado que havia desenvolvido um sistema de rastreio da propriedade digital, para que as pessoas não precisem comprar o mesmo filme ou programa de tevê mais de uma vez se quiserem assisti-lo em outros aparelhos. Esta é apenas abordagem a mais nova, e está longe de ser a última. "Espero que esse pessoal tente muitas alternativas diferentes para encontrar um desfecho para o entretenimento digital. Enquanto isso, iremos nos deparar com várias tentativas frustradas", disse Doug Creutz, um analista de mídia da Cowen and Co.
Preço é a chave
Todos estão tentando resolver um único problema: os consumidores, acredita a indústria cinematográfica, não gostarão de pôr as mãos no bolso para pagar por filmes e shows de tevê digitais até conseguirem mais portabilidade e poder assistir o mesmo conteúdo em diversos dispositivos. Os estúdios querem que os consumidores colecionem o entretenimento digital da mesma forma que colecionam DVDs ou livros.
No terceiro semestre deste ano, as divisões de entretenimento doméstico dos estúdios de Hollywood geraram cerca de 4 bilhões de dólares, 3,2% a menos do que o mesmo período no ano passado, conforme revelou a Digital Entertainment Group, um grupo comercial. A distribuição digital, por sua vez, contribuiu com 420 milhões, um aumento de cerca de 18%.
O problema se resume aos entraves tecnológicos que estão no meio do caminho como deixar um consumidor assistir um vídeo em vários dispositivos sem deixá-lo compartilhar o mesmo vídeo com 10.000 pessoas em um site pirata e a relutância dos estúdios em cooperar mais com os rivais devido ao escrutínio antitruste e a concorrência acirrada.
A Walt Disney Co. irá lançar nas próximas semanas seu novo sistema para o rastreio da propriedade digital, o Keychest. Tal sistema permite que o cliente compre acesso permanente ao arquivo de entretenimento digital um filme em especial, por exemplo que poderá, então, ser assistido em outros computadores, celulares ou até mesmo via cabo. Analistas especulam que a Apple já é parceira da Disney neste projeto.
"Ratoeira"
Com o sistema, uma mãe poderá começar a assistir Toy Story em seu laptop em presença dos filhos, continuar o filme em seu iPhone dentro de um restaurante e terminar de assisti-lo em casa, na tevê. Os detalhes ainda são meio esquemáticos, mas o Keychest possui outras características promissoras, de acordo com a Disney. O sistema irá trabalhar com vários formatos digitais, de forma que empresas concorrentes possam manter planos de negócios diferentes.
A pirataria, ao menos conceitualmente, será uma preocupação menor. A tecnologia se baseia no sistema de computação em nuvem (cloud computing), na qual pacotes enormes de dados são armazenados em servidores remotos para que os usuários possam acessá-los de qualquer lugar. Os filmes serão executados (streaming) diretamente da nuvem, e nunca baixados, o que dificulta bastante a pirataria.
"Temos uma ratoeira melhor e uma chance maior de fazer com que as empresas comprem esta idéia ao invés de ficar tentando outros esquemas que existem por aí", disse Bob Chapek, presidente do setor de entretenimento doméstico da Walt Disney Studios.
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