Quando anunciou sua saída da presidência executiva da Bematech, no fim de 2009, Marcel Martins Malczewski disse que passaria a dividir suas novas atividades em três partes: a presidência do conselho de administração da empresa que havia fundado 20 anos antes, sua família e investimentos pessoais. Ao que tudo indica, ele vem cumprindo bem a determinação, mantendo-se próximo das atividades da companhia paranaense, viajando regularmente ao exterior com a esposa e os filhos e aportando alguns milhões de reais em pequenas e médias empresas que enxerga como promissoras entre elas, algumas paranaenses.
Com ideias e oportunidades mais maduras e num ano de "acomodação" do mercado brasileiro de impressoras comerciais liderado pela Bematech , essa terceira atividade tem se destacado.
Malczewski criou uma empresa para servir de base aos seus negócios, a M3. A companhia é a linha de frente para a participação do empresário em fundos de private equity (ou fundos de investimento em participações FIPs), modalidade que contabiliza boa parte dos R$ 15 milhões já comprometidos por ele, dos quais pouco mais da metade já foi investida.
Seu alvo preferido ainda são as empresas de tecnologia, até pela longa carreira trilhada dentro da empresa que fundou. Mas, diferentemente do que ocorreu com a própria Bematech, que recebeu investimentos quando ainda estava em uma incubadora, Malczewski prefere companhias em um estágio mais avançado e que, assim, podem oferecer retornos mais rápidos aos seus investidores.
"Eu fui um pequeno empreendedor e sei como isso é difícil. Por isso, agora, com a possibilidade de escolher, estou optando por empresas que já tenham um bom faturamento, que já estejam acontecendo, e precisam de recurso e apoio na gestão, precisam acelerar", define Malczewski.
É o caso da londrinense Veltec, especializada em tecnologia para o gerenciamento de frotas, que está entre as 15 empresas de pequeno e médio porte (PMEs) que mais crescem no país, de acordo com um ranking da consultoria Deloitte. Assim como ela, a Opto Eletrônica e a Digmotor ambas de São Carlos (SP) receberam recursos do FIP Trivella M3, criado por Malczewski e seu novo sócio, Jon Toscano, presidente da Trivella Investimentos.
Esse fundo tem, sozinho, R$ 10 milhões, divididos em participações nas três empresas e com uma parcela já reservada para uma quarta companhia cujo nome é mantido em sigilo. O negócio deve ser concretizado até o fim do mês. O que se sabe é que a empresa tem sede em Curitiba e se encaixa no ramo de "clean tech", ou tecnologia limpa, que não agride o meio ambiente, e é promovido por Malczewski nestes investimentos.
Além da parceria com a Trivella, que abrange outros fundos gerenciados pela empresa de Toscano, o empresário paranaense ainda mantém um projeto com a consultoria Cypress Associates. A companhia pretende avançar para o mercado de participações e um de seus projetos prevê a abertura de um fundo em conjunto com o cofundador da Bematech e uma gestora de fundos baseada em São Paulo, a Cultinvest.
"É o Inova Brasil, que deve ser lançado até o fim do ano", diz Malczewski. Seu foco será empresas que desenvolvam tecnologias voltadas à cadeia de exploração de óleo e gás. A expectativa é de que o fundo gerencie R$ 100 milhões, com uma participação pelo menos no início mais tímida de Malczewski.