Ganhar dinheiro para fotografar lindas mulheres nuas, degustar cerveja, testar os últimos lançamentos de games ou viajar para os destinos mais legais do mundo é o ideal de profissão para muita gente. Quem conseguiu um emprego desses diz que existem mesmo grandes vantagens inerentes ao ofício, mas que o trabalho não é uma "moleza".
Muito pelo contrário. Para o fotógrafo Marlos Bakker, que há 11 anos faz ensaios sensuais para revistas como Playboy, VIP e Sexy, em São Paulo, é bom viajar pelo Brasil e conhecer modelos da maneira como vieram ao mundo, mas existe tanta responsabilidade no trabalho que não é como unir o útil ao agradável. "A profissão é bem glamurizada pelos amigos, mas não é como imaginam. Geralmente nós viajamos bastante, mas é tanta pressão no trabalho, porque tem tanto dinheiro envolvido, que você só lembra depois da parte boa", explica.
Segundo ele, sempre há uma equipe enorme envolvida no serviço, de oito a dez pessoas, e a preparação começa muito antes. "Você pensa na locação, na produção de moda, porque o ideal é ter controle total, para não chegar na hora e ter surpresas", diz Bakker. A principal preocupação é conseguir um bom resultado para garantir novos trabalhos, já que existe muita gente querendo fazer o que o fotógrafo faz. Para tanto, somente com bastante profissionalismo. "Você conhece a pessoa, fotografa por uns dois dias, ela vai embora e você nunca mais a vê. A relação é absolutamente profissional."
Outra profissão erroneamente glamurizada é a de mestre-cervejeiro. Daniel Baumann, que trabalha há oito anos na AmBev, em São Paulo, afirma que a degustação de cerveja faz parte da rotina pois é necessária para controlar a qualidade do produto junto com análises físico-químicas mas é muito controlada. "Nas fábricas, onde ocorre diariamente, são 10 amostras por dia, que juntas não ultrapassam a quantidade de uma lata. É tudo bem profissional, a pessoa não entra numa sala e fica bebendo", esclarece.
Além disso, as amostras devem estar a 5°C ou 6ºC, temperatura diferente da cerveja estupidamente gelada apreciada nos momentos de lazer. E para chegar lá não é fácil. "Para ser mestre-cervejeiro é preciso estudar bastante. Precisamos estar constantemente nos reciclando para aprender novas tecnologias", acrescenta. Baumann lembra que as cervejarias geralmente contratam para a função engenheiros químicos ou de alimentos, que depois precisam fazer cursos técnicos, inclusive no exterior.
O consultor em viagens Luciano Mendes também tem uma profissão de causar inveja. Há três anos, na agência Unique Travel, ele organiza grupos interessados em eventos imperdíveis, como a final do campeonato de corrida Nascar, jogos de tênis do MasterSeries e provas de Fórmula 1, tudo no exterior, ou o show dos Rolling Stones do ano passado, no Rio de Janeiro. "É muito legal conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes e seus prazeres em viajar, mas todo negócio tem o seu estresse. Como nossa proposta é oferecer um serviço de excelência, precisamos cuidar muito da satisfação do cliente", ameniza.
De acordo com Mendes, o trabalho exige investimento e estudo dos roteiros, pois é preciso conhecer o produto antes de vendê-lo. De qualquer forma, ele gosta mais disso do que de sua antiga o trabalho, como engenheiro civil. "Não diria que é melhor. Se você gosta, tudo bem, mas o dia-a-dia é menos estressante. A remuneração é muito menor agora, mas eu acho que é proporcional às dificuldades."
A analista de suporte técnico Aneleine de Oliveira, da Positivo Informática, tem um emprego que muitos gamers gostariam de ter. Há três anos, ela é responsável por testar jogos e programas educativos vendidos pela empresa. "É bem divertido, porque eu gosto muito de games, mas também tem o lado profissional. Preciso encontrar problemas de compatibilidade, tanto de software quanto de hardware", explica. Isso muitas vezes em um prazo exíguo e ao mesmo tempo em que ajuda usuários que estão com dificuldades em algum programa.