A NET afirmou nesta quinta (28) que demitiu o funcionário suspeito de ter assediado seus clientes pelo aplicativo WhatsApp e que foi registrado um boletim de ocorrência sobre o caso na polícia.
A empresa de TV a cabo e algumas das principais operadoras de telefonia do país viraram alvos de denúncias de assédio sexual. Clientes dizem que passaram a receber dos atendentes de telemarketing mensagens não solicitadas pelo aplicativo WhatsApp.
As histórias passaram a repercutir na internet depois que a jornalista Ana Prado, 26, postou o seu relato no Facebook na última terça (26).
“Hoje de manhã me ligaram da NET pra oferecer um pacote. Disse que não estava interessada, agradeci e desliguei. Agora o cara me adicionou no WhatsApp sem permissão”, dizia o texto. Junto com o texto, ela publicou imagens do celular em que é possível acompanhar a conversa.
“Falei com você hoje. Desculpa, mas fiquei curioso por conta da sua voz”, disse o suposto atendente. Depois de ser repreendido pela jornalista, o funcionário diz que tem acesso a todos os dados dos clientes. E ainda afirmou que ela poderia processá-lo, pois ele teria “prazer em ganhar a causa”.
Segundo a NET, Prado registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
O post foi compartilhado mais de 12 mil vezes, teve mais de 3.500 curtidas e inspirou outros clientes a relatar histórias parecidas.
A jornalista Bárbara dos Anjos Lima conta que no último dia 7 de maio recebeu a seguinte mensagem pelo WhatsApp: “Tenha uma boa tarde e parabéns por tanta beleza e simpatia. Técnico NET.”
Já Andressa Jordano, 23, teria recebido oferta de “atendimento personalizado” de um atendente da Oi em abril de 2014.
Os relatos também envolvem assédio a clientes do sexo masculino. “Liguei para o suporte da Vivo. A atendente pediu outro telefone para caso a ligação caísse e eu passei meu celular. Durante a ligação várias vezes outras vozes ‘invadiam’ a ligação e falavam ‘Karen, põe a aliança’. Eu achei que isso era algum tipo de código de suporte ou telemarketing mas, depois que recebi a mensagem no WhatsApp, entendi que ela estava dando em cima de mim”, conta Pietro Brugnera, 23.
A mensagem para o publicitário dizia “sua voz é linda”. Ele solicitou uma cópia da ligação para a Vivo, mas diz que a empresa ainda não fez contato com ele.
Os casos lembram relatos feitos no ano passado e no começo deste ano por clientes de apps de táxi. As histórias de contato posterior obrigou as companhias a mudar seus sistemas de identificação de dados. O objetivo foi coibir o assédio principalmente de mulheres.
Outro lado
Por meio de nota, a NET diz que o atendente do caso de Ana Prado, tornado público, foi identificado e desligado da empresa.
A NET também afirma que tomará todas as medidas cabíveis para apurar, identificar e afastar sumariamente qualquer colaborador ou prestador de serviço que faça uso indevido de informações pessoais, confidenciais e sigilosas de seus clientes.
A Oi diz que “os contatos da companhia com seus clientes são para tratar exclusivamente de assuntos de interesse das duas partes. Qualquer desvio pontual que venha a ocorrer no atendimento será apurado pela companhia”. A companhia também afirma que “preserva o sigilo dos dados pessoais de seus clientes”.
A Telefônica Vivo afirma que os casos mencionados pela reportagem encontram-se “em apuração interna” e estão “totalmente desalinhados com as práticas e valores da empresa”. Também diz que se for constatada a conduta incorreta dos atendentes, a companhia tomará as medidas administrativas cabíveis.
A companhia diz que oferece um canal de denúncias para tratamento, análise e respostas relacionadas a possíveis incidentes de segurança da informação, por meio do e-mail csirt.br@telefonica.com.