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O esmorecimento no esforço de reformas estruturais, o aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública poderão obrigar o país a conviver com taxas de juros mais altas no médio e longo prazo, ampliando o custo da redução da inflação. É o que diz a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira (26). No encontro, a taxa Selic foi reduzida em meio ponto percentual, na quarta-feira, passando de 13,25% para 12,75% ao ano.
O comitê considera que parte da incerteza observada nos mercados – com elevação dos prêmios de risco e da inflação implícita – pode ser atribuída à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e ao alcance das metas fiscais.
Segundo o economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, a ata reiterou a importância da "firme persecução dessas metas" para a ancoragem das expectativas de inflação.
"Parte da incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais", diz o texto da ata.
"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução destas metas", prossegue a ata.
O documento também aponta que as expectativas de inflação, após apresentarem reancoragem parcial, seguem como um fator de preocupação. Segundo o órgão, entre as possibilidades que permitiriam a observação de expectativas de inflação acima das metas estão:
- preocupações no âmbito fiscal;
- receios com a desinflação global; e
- percepção de parte dos analistas de que o Copom, ao longo do tempo, pode se tornar mais leniente no combate à inflação.
O Copom considera que a redução das expectativas de inflação virá por meio de "uma atuação firme", em consonância com o objetivo de fortalecer a credibilidade e a reputação tanto das instituições como dos arcabouços econômicos.
A meta de inflação a partir de 2024 é de 3% e as expectativas para os próximos anos estão acima do previsto, porém dentro do intervalo de tolerância. O ponto médio (mediana) das projeções no relatório Focus estão em 3,86% para o ano que vem; e 3,50% para 2025 e 2026.