A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, na qual os diretores do Banco Central (BC) decidiram manter os juros básicos em 8,75% ao ano, fez com que os economistas do mercado financeiro descartassem, a princípio, um aperto monetário logo no início de 2010. No documento, a autoridade monetária informa que, apesar da recuperação da economia, as projeções para a inflação nos próximos dois anos continuam em níveis adequados com a política de metas. Isso quer dizer que o ritmo de correção dos preços, medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), devem ficar ao redor do centro da meta de 4,5% ao ano com margem de tolerância de dois pontos abaixo ou acima da meta.
Para o economista-chefe da LCA, Braulio Borges, a ata mostrou que o BC não tem preocupações excessivas com a evolução do nível de atividade no curto prazo. "Como é positivo o cenário para a inflação em 2010, o BC deve focalizar a restrição monetária observando os índices de preços em 2011. Pode até ser que o BC aumente os juros em julho do próximo ano", comentou. "Mas a demanda mais aquecida no ano que vem não deverá apresentar um aquecimento excessivo, pois as indústrias exibem alto nível de ociosidade e os investimentos das empresas devem subir nos próximos trimestres", disse.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, concorda com a ideia de que os juros não subirão no curtíssimo prazo, mas avalia a possibilidade de a Selic ser elevada em abril. "Mesmo a recuperação da demanda não altera a perspectiva de que o cenário é mais de vigilância do que de ação do BC na política monetária. É um cenário de acompanhamento, de espera", destacou.
Investimentos
Na avaliação do economista da LCA, os investimentos no ano que vem devem retornar com vigor, pois devem subir 16,6%, depois de registrar uma queda expressiva de 10,7% neste ano. Além disso, o especialista destaca que os preços administrados devem subir 3,4% no próximo ano, enquanto o BC prevê que tal indicador aumentará 4%. Se a projeção do economista se confirmar, o IPCA deixará de subir 0,18 ponto porcentual.