A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central, aponta que o balanço de riscos para a inflação apresentou piora no curto prazo. O colegiado do Banco Central enfatizou também que a recuperação da atividade doméstica foi menos intensa do que o esperado, "bem como que certa complexidade ainda envolve o ambiente internacional".
De acordo com a ata, a projeção para o IPCA em 2013 subiu e segue acima do centro da meta de 4,5% tanto no cenário de referência quanto no de mercado traçados pelo BC. De acordo com o documento, o cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em R$ 2,05 e da taxa Selic em 7 25% ao ano "em todo o horizonte relevante". "Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2013 aumentou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de novembro e se posiciona acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)", descreveram os diretores do BC na ata do Copom.
No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo BC com analistas de mercado às vésperas da reunião do Copom, a projeção de inflação para 2013 também aumentou e se encontra acima do valor central da meta para a inflação.
O Copom também reconhece que há maior dispersão de aumentos de preços ao consumidor. Para o comitê, esse é um dos fatores que tendem a contribuir para que, no curto prazo, a inflação se mostre resistente.
Os outros fatores, segundo a ata, são a reversão de isenções tributárias, pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes. "O Copom avalia que a maior dispersão, recentemente observada, de aumentos de preços ao consumidor e a reversão de isenções tributárias, combinadas com pressões sazonais e pressões localizadas no segmento de transportes, tendem a contribuir para que, no curto prazo, a inflação se mostre resistente"
Recuperação doméstica abaixo do esperado
De acordo com a ata, o Copom avaliou que o ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica, menos intenso do que se antecipava, se deve essencialmente a limitações no campo da oferta. "Dada sua natureza, portanto, esses impedimentos não podem ser endereçados por ações de política monetária, que são, por excelência, instrumento de controle da demanda", apontou o documento.
Segundo o BC, apesar da fragilidade do investimento, "que reflete, em grande parte, o aumento de incertezas e a lenta recuperação da confiança", a demanda doméstica continuará a ser impulsionada pelos efeitos defasados de ações de política monetária recentes, bem como pela expansão moderada da oferta de crédito para pessoas físicas e jurídicas.
"O Comitê entende, adicionalmente, que a atividade doméstica continuará a ser favorecida pelas transferências públicas, bem como pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos salários, apesar de certa acomodação na margem".
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