Atualizado em 05/02/2007, às 18h59
As indústrias brasileiras reduziram o ritmo de aumento da produção no ano passado, crescendo 2,8%, contra 3,1% em 2005. No entanto, a qualidade da expansão de 2006 superou a do ano anterior. A avaliação é da gerente de análises e estatísticas derivadas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Isabella Nunes.
Ela lembra que, enquanto em 2005 menos da metade dos produtos investigados pelo IBGE (49,7%) tiveram alta na produção, em 2006 esse total chegou a 54,6%.
Isabella destaca que, no ano passado, o crescimento industrial foi liderado pelo setor de bens duráveis, o que indica uma reação positiva do mercado interno graças ao aumento da massa salarial, à estabilidade do mercado de trabalho, ao controle da inflação e à maior oferta de crédito.
- A indústria também foi impulsionada pelos bens de capital, que são indicadores próximos aos dos investimentos. Isso significa que o crescimento será incorporado na sua capacidade produtiva - disse.
Isoladamente em dezembro, o setor de bens de capital cresceu 5,4% frente novembro (com ajuste sazonal). Esta foi a maior taxa de expansão desde julho de 2005. Nos últimos dois meses de 2006, esse segmento acumulou alta de 7,1%.
Entre outubro e dezembro, o setor de bens de capital foi o que teve a melhor performance: alta de 7,7% frente igual período de 2005. Quando avaliado o setor de bens de capital exclusivamente voltado para a indústria, a alta registrada é de 15,9%.
Os bens de capital para uso misto tiveram alta de produção de 16,9% no ultimo trimestre. O destaque desta categoria foram os equipamentos de informática.
No resultado acumulado de 2006, a maior expansão de bens de capital foi naqueles setores voltados para energia, com alta de 22,2%. O destaque foi para os transformadores, cuja produção foi influenciada pelo programa "Luz para Todos" do governo federal.
Expansão supera dados registrados na era FH
Os dados do IBGE mostram que a indústria teve uma expansão maior dos quatro anos do governo Lula - considerando a média anual - que nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
Entre 2003 e 2006, a indústria brasileira acumulou um crescimento de 14,9%, com uma taxa média anual de 3,5%. O resultado supera os 2,5% anuais médios alcançados durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e também fica acima do 1,3% anual de seus primeiros quatro anos de gestão.
No ano, informática se destaca
Com peso de apenas 0,8% no setor industrial, o segmento de máquinas, escritórios e equipamentos de informática foi o que exerceu a maior influência positiva no resultado da indústria em 2006.
A produção do setor cresceu nada menos do que 51,6% depois de ter aumentado 17,6% em 2005.
Segundo Isabella Nunes, a venda de computadores, monitores e equipamentos de informática foi alavancada pelo programa do governo "Computador para todos" que ofereceu linhas de crédito mais vantajosas e isenção fiscal para a compra do produto.
Além disso, o dólar baixo barateou o preço dos computadores nos últimos dois anos. O Câmbio, porém, foi o vilão de alguns segumentos da indústria em 2006.
Em dezembro, a produção de materiais elétricos e de comunicações, por exemplo, recuou 4,4% frente a novembro na série com ajuste sazonal devido, principalmente, às férias coletivas dos fabricantes de celulares.
A produção de celulares perdeu um pouco do ímpeto exportador, explicou Isabella.
O segmento de bens de consumo duráveis perdeu fôlego ao longo de 2006. No último trimestre do ano, ele ficou estável depois de ter caído 1,6% tanto no segundo quanto no terceiro trimestre.
Além de celulares, automóveis também reduziram suas exportações. E os equipamentos eletrônicos sofreram a concorrência dos importados.
- O câmbio afeta o setor de bens de consumo duráveis porque este perde competitividade nas exportações e se ressente com a concorrência dos importados.
A redução no ritmo do crescimento industrial segue outros indicadores já divulgados pelo IBGE.
Segundo a opinião de analistas de mercado reunidas no primeiro boletim Focus, do Banco Central, divulgado em janeiro, a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto para 2006 (soma de todas as atividades do país) é de 2,73%.
Nesta segunda-feira, o Focus divulgou sua projeção para 2007 , de expansão de 3,5%.
Já a inflação de 2006, medida também pelo IBGE, ficou em 3,14% - abaixo da meta do governo, de 4,5%.
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