Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá os próximos passos da política de combate à inflação, um indicador do próprio Banco Central dá uma reviravolta e surpreende o mercado com a informação de que a economia brasileira não apenas voltou a crescer em novembro, mas com mais força do que o esperado.
Depois de três meses seguidos de queda, o índice de atividade econômica da autoridade monetária (IBC-Br) registrou alta de 1,15% na comparação com o mês anterior. Analistas já dizem que o impacto no crescimento deste ano será mais forte que o projetado antes pelo efeito de "carregamento" que há de um ano para outro.
A expectativa de parte do mercado era de uma alta de 0,9%. O número divulgado ontem pelo BC influenciou os negócios feitos no mercado futuro de juros, porque reverteu quedas anteriores, de 0,5% em outubro, 0,06% em setembro e 0,54% em agosto (sempre na comparação com o mês imediatamente anterior). De janeiro a novembro do ano passado, o crescimento foi de 2,88%.
"O número não muda o cenário dos analistas para os cortes de juros, mas mostra que o crescimento não será tão baixo quanto previa o mercado. O resultado superou as projeções dos analistas, mas veio em linha com a expectativa do BC", afirmou o economista Eduardo Velho, da corretora Prosper.
Segundo ele, a tendência é de um quarto trimestre com mais crescimento que o previsto. O analista lembrou que nas estatísticas do último mês do ano estarão refletidos o aquecimento maior do comércio, principalmente o de eletrodomésticos, por causa da retirada de impostos sobre a linha branca. A medida foi tomada em dezembro pelo governo para estimular o consumo e tentar proteger o país dos efeitos da crise financeira mundial.
Eduardo Velho calcula que, a partir do segundo trimestre de 2012, o país terá retomado um ritmo forte e crescerá a uma taxa que, anualizada, ficaria em torno de 5%. A sua aposta é que o Brasil encerre o ano com um crescimento de 3,5%.
Para Flávio Serrano, economista do Banco Espírito Santo (BES), a informação do crescimento em novembro aniquila a hipótese de um crescimento negativo no último trimestre e deve fazer com que o crescimento neste início de ano seja mais forte que o previsto anteriormente. "Isso mostrou que houve uma preocupação exagerada do mercado", disse o analista.
Ele justificou que as previsões se pautaram pelo comportamento da indústria brasileira que está patina em meio aos péssimos resultados recentes. Entretanto, não levaram em consideração o bom desempenho do setor varejista, que se manteve robusto ao longo do tempo.