Aos gritos de "O petróleo é nosso, haha, huhu" e debaixo de chuva, os manifestantes reunidos na Cinelândia, no Centro do Rio, transformaram o ato de protesto contra as mudanças na legislação dos royalties do petróleo numa festa ao som de funk e samba, na noite desta quarta-feira (17).
Artistas e políticos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo estiveram na passeata que, segundo a avaliação da Polícia Militar, reuniu 80 mil pessoas. Os organizadores chegaram a estimar o público em 200 mil pessoas.
O governador Sérgio Cabral comemorou o resultado: "Tinha receio (que o público fosse pouco) por conta dessa chuva, mas se são 50, 60 ou 70 mil eu não sei. A PM, a Guarda Municipal é que sabem. Acho que estamos todos de parabéns. Foi uma demonstração de amor ao Rio de Janeiro, sem politizar para A, B ou C".
Dividiram o palanque com Cabral, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o senador Magno Malta (PR-ES) e a prefeita de Campos, Rosinha Matheus.
No palco e no asfalto, famosos também engrossaram o coro do protesto: a apresentadora Xuxa, a atriz Letícia Spiller, o cantor Toni Garrido, o sambista Neguinho da Beija-Flor, a bailarina Ana Botafogo, o funkeiro MC Sapão, a cantora Fernanda Abreu, o coreógrafo Carlinhos de Jesus, o presidente da Mangueira, Ivo Meirelles, e o grupo de funkeiros "Os Havaianos" estavam entre os que protestaram contra o corte nos royalties do petróleo.
Chuva não desanimou público
A previsão é que os shows no palco montado próximo ao Teatro Municipal, na Cinelândia, terminem por volta das 23h. Nem a forte chuva desanimou o público, que lançou mão de capas e guarda-chuvas.
A caminhada saiu da Candelária, por volta das 16h40 desta quarta-feira (17). Com faixas, cartazes e camisetas, os grupos tomaram a Avenida Rio Branco. Muitos apelaram para o bom-humor, como o vendedor de livros Alberto Tradesedo, de 70 anos, e o taxista Emanuel Alves, 52, que se vestiram de "Papas" para abançoar o Rio.
Já um grupo de taxistas decidiu fazer um "enterro simbólico" do deputado Ibsen Pinheiro, autor da polêmica emenda que propõe mudanças na divisão dos royalties. O texto foi aprovado na Câmara e está sendo discutido no Senado, onde deve ser votado até maio.
Caravanas de vários municípios
As caravanas começaram a chegar no Centro do Rio no início da tarde. Pelo menos 12 mil manifestantes de municípios vizinhos foram ao protesto em mais de 200 ônibus.
A manifestação contou ainda com o reforço de mais de 650 funcionários da obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Manguinhos, que chegaram em 16 ônibus.
A passeata seguiu pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, onde um ato público e shows de vários artistas fecharam o protesto.
A secretária municipal de Cultura, Jandira Feghali, disse acreditar que o protesto pode ajudar a convencer os senadores a vetar as mudanças na partilha dos royalties. Já o deputado Roberto Dinamite considerou a emenda Ibsen "um absurdo, insensata e impensada".
"O estado do Rio não pode ser o maior prejudicado. Queremos dividir, sim, mas não podemos ser o mais prejudicado", disse.
Já o deputado Alessandro Molon, também presente na manifestação, afirmou que o ato deveria ter sido feito antes da apresentação da emenda. Agora, ele espera que a mobilização sirva para convencer os senadores.
"É importantíssimo esse ato de união entre governos, prefeitura, trabalhadores, donas de casa e estudantes", disse Molon.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que, apesar de não ser do Rio, ele ama o estado: "A emenda é uma injustiça".
Já a presidente do Flamengo, Patricia Amorim, afirmou que o clube é a favor do pré-sal e do petróleo: "O Flamengo é um patrimônio do estado, assim como o petróleo". Trânsito complicado
Já para os motoristas o protesto complicou a volta para casa. Uma das faixas da Avenida Presidente Vargas, por exemplo, virou um estacionamento para os vários ônibus que trouxeram caravanas de manifestantes.
O nó no trânsito teve reflexos não só no Centro, como nas imediações: a retenção chegou até a Ponte Rio-Niterói.
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