Cafezinho, pipoca e, para a hora do aperto, banheiros químicos. Essa infraestrutura toda oferecida aos consumidores, junto com a maior concorrência entre as redes varejistas, marca a evolução das megaliquidações de janeiro realizadas ontem em centenas de lojas de todo o país. A maior oferta de saldões teve como consequência positiva menos confusão, principalmente no Magazine Luiza, que até há pouco tempo era a única rede a promover tais ofertas. Ainda assim, não foi inevitável o esgotamento rápido de alguns produtos como a "tevê de plasma de tela grande", sonho de consumo da maioria dos clientes que aguardavam na fila durante a madrugada de quinta para sexta.Antes da abertura das portas, às 6 horas de ontem, a fila já dobrava a esquina em uma das lojas da Magazine Luiza, no centro de Curitiba. Coube a quem chegou com muita antecedência e passou horas na fila o privilégio de entrar na loja e escolher os melhores produtos do mostruário, garantindo também os maiores descontos. Os primeiros a receberem a faixa vermelha de "vendido" foram os produtos eletroeletrônicos em especial, os cobiçados televisores "com tela grande".
SonhosA comerciante Meire Becker, que entrou na fila às 3 horas, conseguiu realizar o seu sonho de consumo. Levou para casa um televisor de LCD, além de um home theater e uma estante para os novos aparelhos. "Valeu o sacrifício. Com o preço normal da tevê R$ 2,7 mil estou levando tudo isso", comemorou.
O primeiro cliente da fila, Agnaldo Pereira da Silva, conforme havia planejado, conseguiu comprar o carrinho de bebê e o berço para sua primeira filha, que deve nascer em março. Por ter encabeçado a fila desde às 8 horas de quinta-feira, além do preço promocional das etiquetas, Agnaldo conseguiu negociar diretamente com o gerente da loja mais um desconto especial. Com o que economizou, ele aproveitou para levar um cercadinho e uma panela de pressão.
Segundo o gerente-regional da rede Magazine Luiza, Ricardo Jordão, esta é uma das datas mais especiais no calendário da empresa. "Tem cliente que economiza o ano todo para poder aproveitar essas ofertas", garante ele, que está na rede desde a primeira edição da liquidação realizada no ano de 1993. Em 2010, a rede aumentou em 7% o faturamento da liquidação, para R$ 75 milhões.
Preço psicológico
A microempresária Decélia de Lima Paiva, uma das primeiras da fila, madrugou junto com seu marido para comprar um climatizador de ambientes. Mesmo após garantir duas unidades do produto pelo preço de R$ 279 cada, ela demonstrou certo desapontamento com o que considerou uma "manipulação" nos preços. "Um dia antes da promoção eu estive aqui na loja e o preço era de R$ 399, mas agora eles dizem que custava R$ 499. Isso faz a gente acreditar que está ganhando um desconto maior do que o que está sendo realmente dado", afirma. Mesmo assim, Decélia também acabou levando mais dois ventiladores de teto, um liquidificador e duas panelas de pressão.
Já o corretor Marcelo de Becel, que acordou cedo para tentar comprar um colchão, voltou para casa frustrado. Segundo ele, o preço do produto estava no mesmo patamar das outras lojas em dias normais: em torno de R$ 500. Para não perder a viagem, ele garantiu duas panelas de pressão, uma espécie de prêmio de consolação, ao custo de R$ 8 cada.