O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) começa a treinar na próxima semana os 6,6 mil recenseadores do Paraná que vão trabalhar no primeiro Censo Agropecuário totalmente informatizado a partir de 16 de abril. O uso de computadores de mão (palm tops) pelos 68.141 pesquisadores que vão a campo em todo o Brasil promete a divulgação dos primeiros dados em tempo recorde, a partir de agosto. A pesquisa ocorre com seis anos de atraso e constitui o levantamento mais completo já realizado sobre a agropecuária brasileira.

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"O assistente pessoal digital que vamos usar abrevia o trabalho de seis meses em poucas semanas", afirma o coordenador técnico do censo no Paraná, Jorge Mryczka. Ele conta que, pelo sistema antigo, os questionários tinham que ser digitados um por um e "longas" listas de erros voltavam ao Paraná para ser conferidas antes da divulgação dos números. "O próprio aparelho vai acusar as incorreções e não permitirá que a pesquisa siga em frente antes da correção."

Se fossem impressas, as perguntas que serão feitas preencheriam 20 páginas de formulários. Cada entrevista vai durar cerca de duas horas. O IBGE espera que cada pesquisador visite cerca de quatro propriedades por dia, até 31 de julho. A cada duas semanas, eles deverão enviar eletronicamente os dados para sede do IBGE, no Rio de Janeiro.

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O Censo Agropecuário foi planejado nos últimos três anos. A pesquisa deveria ter sido realizada em 2001, uma vez que a última edição é de 1996 e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) recomenda a atualização dos dados a cada cinco anos. Pelo Censo Agropecuário de 1996, o Paraná tem 369 mil estabelecimentos comerciais. Hoje, o número é considerado uma incógnita. Quanto mais o tempo passa, mais difícil fica de fazer uma avaliação sobre a agropecuária, considera o técnico do IBGE, que é também supervisor das estatísticas agropecuárias no estado.

Os questionários foram reformulados e devem levantar dados desconhecidos mesmo por organizações regionais, como a Coamo Agroindustrial, que vem ampliando seus esforços para conhecer os 19,8 mil sócios. Entre esses dados, estão a idade e a escolaridade do produtor, bem como a área de produção de transgênicos e o uso de computadores na propriedade rural.

As pesquisas deverão ser aplicadas em todos os estabelecimentos agropecuários. O IBGE teme que os produtores se recusem a participar. Uma campanha publicitária deve ser lançada na próxima semana, explicando que os dados serão usados apenas para elaboração de estatísticas. "Não temos ligação com o fisco e os dados não vão comprometer o produtor", assegura Mryczka, que está há 28 anos no IBGE e já participou de quatro censos agropecuários.

Os recenseadores de 2007 terão trabalho extra. Eles vão aplicar outros dois questionários: um de atualização cadastral, que vai investigar logradouros apontando a existência de estabelecimentos privados e públicos; e outro de contagem populacional, aplicado também na zona urbana. Esses questionários atualizarão dados pesquisados pelo IBGE em 2000.