O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, revelou nesta terça-feira (21), que a atuação da autoridade monetária para tentar irrigar o mercado de câmbio e, com isso, impedir a escalada do dólar, já somou US$ 22,9 bilhões desde o agravamento da crise externa - com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers em meados de setembro.
Segundo Meirelles, o BC tem atuado com quatro instrumentos para tentar conter a alta do dólar -que pode impulsionar a inflação no país e prejudicar empresas brasileiras com dívidas em moeda estrangeira. São eles: vendas diretas das reservas no mercado à vista; leilões de linha (empréstimos com compromisso de recompra, sem destinação específica); vendas de contratos de "swap cambial", ou não rolagem de "swaps reversos"; além dos empréstimos para o financiamento às exportações.
De acordo com o presidente do BC, a autoridade monetária vendeu, por meio das vendas diretas ao mercado, US$ 3,2 bilhões das reservas internacionais. Além disso, ofertou US$ 3,7 bilhões em empréstimos ao mercado (sem destinação específica); além do empréstimo de outros US$ 1,62 bilhão para o comércio exterior e da emissão de US$ 12,9 bilhões em contratos de "swap cambial". Meirelles também citou a não rolagem de US$ 1,5 bilhão em contratos de "swap reverso". A soma total dos instrumentos soma US$ 22,9 bilhões.
"São valores ainda inferiores ao que está sendo feito pelos países diretamente afetados pela crise. Mesmo países como o México já tiveram valores um pouco superiores a isso. Os bancos europeus [colocaram] de US$ 150 a 160 bilhões de dólares", disse Meirelles aos parlamentares.
Crise severa
Na avaliação do presidente do Banco Central, a atual crise financeira é "severa e séria". Ele lembrou que a origem da crise reside no mercado imobiliário norte-americano, com regras que permitiram um alto nível de endividamento pelos cidadãos daquele país.
"Isso gerou consequências para a atividade econômica como um todo. Afeta o emprego e todos os fornecedores. Em consequência, os bancos passam a perder capital. Perdem, de um lado, capacidade de expansão e, outro lado, de tomar medidas prudentes a medida em que começam a prever problemas de liquidez futuros", disse ele a deputados.
Meirelles notou que a crise vai gerar um crescimento menor da economia mundial em 2009. Nos Estados Unidos, informou ele, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou a perspectiva de crescimento para 0,1%. Na Europa, para 0,2% e, no Japão, para 0,5%. No mundo como um todo, a projeção recuou para 1,3%.
Bancos brasileiros
O presidente do Banco Central avaliou, também, que os bancos brasileiros tem uma situação melhor do que no restante do mundo. "Os bancos brasileiros têm um índice de capitalização superior ao mínimo regulatório fixado pela basiléia de 11%. Em junho de 2008, estavam em 15,8%. No caso dos atrasos de pagamentos, até junho de 2008 estavam em comportamento estável", afirmou.
Em contrapartida, Meirelles notou que as perdas declaradas pelos bancos ao redor do mundo, e a necessidade de capitalização já declarada, somam US$ 600 bilhões. Nos Estados Unidos, disse ele, são US$ 250 bilhões disponbilizados para os bancos. Na Alemanha, outros US$ 100 bilhões. "O processo já se disseminou de forma importante", avaliou.
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