Stadler, da Audi, com a premiê alemã Angela Merkel, no Salão de Frankfurt, na semana passada: retorno ao país com dois modelos| Foto: RupertStadler/ Divulgação Audi

Saia justa

Richa não participará de audiência com presidente da empresa e Dilma

O governador Beto Richa não foi convidado a participar da audiência entre Dilma Rousseff e Rupert Stadler, que acontece às 11 horas no Palácio do Planalto. A assessoria de imprensa regional da Presidência da República informou que se trata de uma agenda entre os dois lados e não de uma cerimônia – o tema da audiência também não foi confirmado. A assessoria de imprensa da Audi confirmou essa informação.

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VW formaliza investimento na próxima semana

O governo paranaense confirmou para a próxima semana uma audiência com representantes da Volkswagen no intuito de formalizar o inves­timento alemão na planta de São José dos Pinhais. Extra­oficialmente, fala-se em R$ 700 milhões para viabilizar a fabricação da sétima geração do Golf, em 2015. O modelo, lançado na Europa há pouco menos de um ano, estreia por aqui no dia 27, importado da Alemanha – atualmente o Golf feito no Complexo Volkswagen é uma versão tropicalizada da quarta geração.

Não se sabe ainda se o aporte teria por objetivo im­plementar tecnologia e mão de obra para a produção do carro ou se o recurso será destinado à ampliação da estrutura, já que a fábrica receberá também os modelos Audi A3 Sedan e Q3 (utilitário esportivo), além de já produzir os modelos da família Fox (CrossFox e SpaceFox) e o Golf nacional.

Recentemente, a VW obteve licença ambiental do Ins­tituto Ambiental do Paraná para um aumento de área da fábrica, com prazo para as mudanças na unidade até julho de 2015. Seria uma saída para acomodar sem apertos as cerca de 15 mil unidades/ano que a Audi pretende materializar até 2018, volume este bem próximo do que certamente a VW projeta por ano para o novo Golf. Soma-se ainda os atuais 20 mil veículos/mês feitos lá para restante do catálogo VW no estado.

Outra solução seria migrar a linha Fox para a fábrica de General Pacheco, na Argentina, e assim abrir espaço aos futuros moradores. Hipótese não descartada, uma vez que surgiram rumores de que engenheiros do país vizinho visitaram Curitiba recentemente para fazer treinamentos e estudar a readequação da linha hoje também feita na Argentina. Nada, porém, foi confirmado pela Volkswagen.

A Audi começa a escrever hoje um novo capítulo da sua história no mercado brasileiro. O CEO da marca, Rupert Stadler, e sua comitiva se reúnem com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, para formalizar o retorno da marca ao complexo Volkswagen, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O anúncio oficial será feito às 14 horas, em coletiva de imprensa, na qual o executivo também detalhará as estratégias para Brasil e América Latina. Amanhã será a vez do governador do Paraná, Beto Richa, receber a cúpula da montadora no Palácio Iguaçu, às 10 horas, para a assinatura do contrato que sacramenta o novo investimento.

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INFOGRÁFICO: Veja como será a divisão Audi/Volks no Paraná

E novamente caberá ao modelo A3 – e agora também ao utilitário esportivo Q3 – a tarefa de plantar raízes definitivas da fabricante alemã em solo brasileiro, o que não ocorreu na primeira passagem, entre 1999 e 2006. Um mercado insuficiente e a alta do dólar inviabilizaram a permanência de uma versão nacionalizada do carro. A meta rentável de produção da Audi à época era de 20 mil unidades/ano, mas nunca superou as 14 mil unidades.

Se o cenário cambial de hoje chega a ser até mais inibidor do que naquele período, o mesmo não se pode se dizer da produção brasileira. Ela bate um recorde atrás do outro. O país figura como o quarto mercado do planeta e já belisca o Japão, para assumir a terceira posição em um futuro próximo, ficando atrás apenas de EUA e China.

O primeiro semestre de 2013 foi o melhor da história para a indústria automobilística nacional. Saíram da linha de montagem 1,86 milhão de unidades, com crescimento de 18,1% em relação ao mesmo período de 2012, que registrou 1,57 milhão de unidades, segundo a Anfavea, associação que congrega as marcas instaladas no país.

A própria Audi vem contabilizando números expressivos. Fechou os seis primeiros meses deste ano com 2,8 mil unidades emplacadas – elevação de 40% no acumulado ante igual período de 2012. Deve acabar 2013 abaixo das 7 mil unidades previstas no início do ano devido à volatilidade do dólar. Mas, com o retorno ao Paraná, o recém-empossado presidente da Audi Brasil, Jörg Hofmann, faz uma projeção otimista de 25 mil a 30 mil unidades/ano até 2018.

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A analista técnica de Fomento e Desenvolvimento da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Viviane Gariba de Souza, aponta ainda o programa Inovar-Auto do governo federal como talvez a grande diferença de hoje para a realidade vista no passado. "O cenário na década de 1990 também era propício, com uma abertura comercial favorável. Tinha uma economia pujante com o Plano Real, a inflação estava controlada e o governo Requião concedeu incentivos fiscais interessantes", lembra a especialista. O novo regime automotivo, no entanto, vai além. Entre os inúmeros benefícios, ele desonera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em até 30%. Para tanto, as empresas precisam cumprir algumas diretrizes, como estimular e investir na inovação e em pesquisa e desenvolvimento dentro do Brasil. Em outras palavras, ter uma fábrica no país.

Pressão Federal

A estratégia do governo federal em pressionar as montadoras a nacionalizar seu produtos, em troca de benefícios tributários que refletem num preço final menor, vem surtindo efeito. Em dois anos, BMW, Chery, Fiat, Honda, JAC Motors, Mercedes-Benz, Nissan, Toyota e agora Audi anunciaram novas fábricas no Brasil. A Jaguar Land Rover deverá ser a décima da lista. Só a chinesa Chery promete investimento de 1 bilhão em sua unidade de Camaçari (BA); enquanto a alemã BMW injetará R$ 600 milhões em Araquari (SC).

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