Nos últimos seis anos, 40 milhões de pessoas entraram no mercado de consumo do Brasil. A ascensão da classe C foi tema do Papo de Mercado realizado ontem pela Gazeta do Povo, em Londrina. O economista Fábio Tadeu Araújo, professor da PUCPR e sócio da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, e Fernando Moraes, diretor da Móveis Brasília, de Londrina, discutiram essa ascensão, suas causas e desafios. Ambos acreditam que o crescimento veio para ficar, mas apontam gargalos importantes a serem enfrentados.
"Estamos presenciando uma verdadeira revolução no Brasil, deixando de ser um país de pobres para sermos um país de classe média", disse Araújo. "Tínhamos uma classe com vontade de consumir, apenas; agora, temos milhões de pessoas aptas a comprar." Mas, para ele, o entusiasmo com essa nova massa consumidora pode atrapalhar. "O empresário deixa de tomar alguns cuidados, acaba contratando mais, faz um controle menor sobre os custos", alerta.
Fernando Moraes apontou a dificuldade em contratar mão de obra qualificada a competição é acirrada, segundo ele. O empresário contou que a mudança de perfil da classe C, atendida na loja, começou há quatro anos. "Esse consumidor, que antes procurava os bens pelo preço reduzido, hoje exige conforto, qualidade, tecnologia e preço, e quer um atendimento de classe A", descreve. Outra característica da classe C que influenciou a atuação da Móveis Brasília é o acesso à internet o que fez a empresa entrar no comércio on-line.
O evento de ontem encerrou o ciclo do Papo de Mercado no interior do Paraná em 2010. Antes de Londrina, o evento já tinha ocorrido em Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e Maringá. Em Curitiba ainda haverá uma edição em 23 de novembro, abordando o mercado de seguros.