Julho tem a pior criação de vagas em 15 anos
Puxado por uma série de demissões na indústria e pela desaceleração em outros setores, o saldo de criação de vagas de trabalho com carteira assinada no Brasil foi o menor para julho desde 1999. O total de empregos formais gerados no mês foi de 11.796, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. O saldo é 71,5% inferior ao de julho do ano passado, quando foram geradas 41,5 mil vagas.
O resultado de junho já havia sido ruim. Naquele mês, o total de vagas criadas (25.363) foi o pior para o mês desde 1998. De janeiro a julho, foram abertos 632,2 mil novos postos no país. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Para o ministro do Trabalho, Manoel Dias, o país chegou ao "fundo do poço", mas a partir de agosto haverá uma retomada do ritmo de criação de empregos. Ele defendeu que o país continua criando vagas, ao contrário de muitos países no mundo, que sofreram forte impacto no mercado de trabalho em decorrência da crise.
Em um ano em que a economia tem dificuldades de crescer, o mercado de trabalho nas regiões metropolitanas continua exibindo um retrato paradoxal: taxas mínimas de desemprego, fraca geração de vagas e renda em alta. Das quatro regiões analisadas pelo IBGE na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) são seis, mas Salvador e Porto Alegre não tiveram as taxas divulgadas em razão da greve no instituto , Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte apresentaram os menores pisos para meses de julho desde 2002: 3,6%, 4,1% e 4,9%, respectivamente. Em Recife, ela ficou bem próxima da mínima, com 6,6%.
INFOGRÁFICO: Confira o saldo de empregos formais registrados
A explicação para taxas tão baixas no momento em que boa parte dos analistas espera por uma possível recessão técnica da economia no segundo trimestre do ano os dados do PIB serão divulgados na semana que vem está no fato de que boa parte dos trabalhadores continua desistindo de procurar emprego.
Uma série de fatores como o aumento da renda familiar, que permite que pessoas deixem o mercado de trabalho, a mudança na pirâmide etária, que reduz o número de jovens que entram no mercado, e o próprio baixo desempenho econômico são citados como possíveis explicações. Nos últimos 12 meses, a ocupação caiu 0,2% nas quatro regiões ao mesmo tempo em que a força de trabalho (pessoas ocupadas ou à procura de emprego) encolheu 1%.
"A taxa de desocupação tem registrado níveis baixos, mais em função de uma redução da procura e não necessariamente pelo aumento da ocupação", disse Adriana Beringuy, da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Atraso
Por causa da greve, que terminou na semana passada, o IBGE informou que apresentará a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua apenas em 6 de novembro, ou seja, após as eleições um dos temas mais citados na disputa à Presidência é justamente a estagnação do mercado de trabalho do país, com a fraca geração de postos de trabalho neste ano.
A taxa médida da Pnad Contínua é mais precisa que a da Pesquisa Mensal de Emprego, restrita às seis maiores regiões metropolitanas do país o último dado da média dessas áreas é de abril, com taxa de desemprego de 4,9%.
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