O Banco Central (BC) está mais preocupado com o aumento das projeções de inflação, que poderiam até provocar uma revisão do ritmo de redução da taxa básica de juros (Selic). Na ata da reunião deste mês, em que o juro básico foi reduzido para 17,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu a mesma avaliação feita na anterior, de que a flexibilização gradual da política monetária não compromete as conquistas dos últimos meses. No entanto, alerta para a elevação das projeções dos índices de preços.
"A flexibilização gradual da política monetária não comprometerá as importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na preservação do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real", diz o documento, acrescentando que, apesar do aumento das projeções para a inflação de 2006, elas continuam abaixo do centro da meta de IPCA de 4,5% este ano.
Mas o BC alerta: "Para que essa maior probabilidade continue se traduzindo em resultados efetivos, entretanto, é preciso que os indicadores prospectivos de inflação sigam apresentando elementos compatíveis com o cenário benigno que tem se configurado nos últimos meses".
E mais: "Tendo em vista as incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária e os riscos associados aos cenários traçados em cada momento, o comitê avalia que será necessário acompanhar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", revela a ata.
A ata da última reunião, divulgada nesta quinta-feira, revela que o Banco Central mantém a estimativa de aumento zero para gasolina e gás de cozinha em 2006. Copom também manteve a estimativa de reajuste de 4,2% nas tarifas residenciais de eletricidade. O comitê também manteve a estimativa do Relatório de Inflação para o reajuste das tarifas de telefonia fixa em 2006 (+2,5%).
O Copom prevê que o conjunto dos preços administrados (serviços públicos com tarifas reajustadas por contrato) deve aumentar 4,6% em 2006. Os administrados têm peso total de 33,33% no IPCA. A previsão também já constava do Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo Banco Central em dezembro.
O Copom também manteve a previsão do Relatório de Inflação de reajuste de 6,2% dos preços administrados em 2007. A previsão do Copom já leva em conta a nova composição do IPCA, na qual o grupo de preços administrados vai passar a incluir produtos farmacêuticos e a excluir o álcool combustível.
Confira a íntegra da ata no site do Banco Central, no endereço http://www.bacen.gov.br/?COPOM116.