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Governo

Aumento do capital da Copel na Sanepar não garante mais poder

O eventual aumento de participação da Companhia Paranaense de Energia (Copel) de 15% para 45% na Dominó Holdings, grupo privado que participa do capital da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), não será suficiente para dar mais poder para o governo estadual dentro da empresa de saneamento. "Mesmo com 45% no consórcio Dominó, a Copel não terá maioria para alterar o pacto interno do consórcio. Na prática, nada muda", diz o presidente do Conselho de Administração da Sanepar, Pedro Henrique Xavier. Os demais sócios da Dominó – Andrade Gutierrez e Daleth –, detêm, cada um, 27,5% de participação.

Xavier confirmou ontem negociações entre a Copel, que detém 15% da Dominó, e a francesa Sanedo (antiga Vivendi), que possui 30%, em uma operação estimada em 42 milhões de euros (R$ 106 milhões). A compra da parte da Sanedo pela Copel Participações, seria, aparentemente, mais uma tentativa do governo estadual de enfraquecer o poder dos sócios privados – que juntos têm 39,7% do capital votante – na empresa de saneamento.

O governo do Paraná sofreu uma derrota recente na briga com a Dominó com uma decisão liminar do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), divulgada na última quinta-feira, que validou novamente o pacto de acionistas da Sanepar, que dava poder ao grupo, mesmo minoritário, para nomear três diretorias e três cadeiras no Conselho de Administração na empresa.

Com maior presença no consórcio privado, a Copel em tese fortaleceria o governo dentro do grupo. "Se o objetivo é diminuir poder dos minoritários, essa operação da Copel com a Sanedo não faz o menor sentido, porque será utilizado o caixa de uma empresa pública para não alterar nada", diz Xavier. A operação de venda teria o ex-procurador geral do estado e ex-presidente do Conselho de Administração da Sanepar, Sérgio Botto de Lacerda, como um dos interlocutores. Botto de Lacerda confirma inclusive ter sido convidado a ser advogado da Sanedo na operação, mas recusou o convite. "Isso causa estranheza e precisa ser investigado", acrescenta Xavier. A Copel informou, por meio de nota, que não comentará a operação.

Renato Faria, diretor superintendente da Dominó, ressalta que os dois outros sócios detêm juntos 55% de participação. "Com 45%, a Copel não terá como dirigir as estratégias comerciais e jurídicas da Dominó", enfatiza. O executivo não fala abertamente sobre o assunto, mas deixa no ar que há possibilidade de uma eventual união entre Andrade Gutierrez e Daleth.

As críticas à operação da Copel com a Sanedo também vêm de analistas. "Trata-se de uma estratégia muito mais política do que econômica, o que é extremamente desfavorável para a imagem da Copel no mercado", diz Hugo Meza Pinto, professor de economia do UnicenP. "Ainda mais pelo fato de essa orientação política ser recorrente, já que recentemente o governo estadual colocou a Copel para disputar o leilão de rodovias federais", lembra.

Para Karina Cordeiro, analista de negócios da GO4 Consultoria, a investida não se justifica do ponto de vista econômico. "No último semestre, a Sanepar teve queda real (corrigida pela inflação) de 3% no faturamento e de 15% no lucro líquido na comparação com o mesmo período do ano passado. Com certeza não é uma boa aposta", diz.

As ações da Copel ON (as mais negociadas) tiveram queda de 0,36% ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

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