Os efeitos da pandemia da Covid-19 estão sendo sentidos fortemente pelos brasileiros e, em junho, quase metade dos lares precisou de algum tipo de auxílio emergencial do governo. Esse é um efeito da alta do desemprego no mês, associada a uma queda de rendimento e jornadas de trabalho. É o que se constata a partir da análise dos dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid19) mensal, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (23).
Cerca de 29,4 milhões de domicílios receberam ajuda relacionada à pandemia em junho, o que equivale a 43% do total de domicílios do país. Em maio, foram 26,3 milhões de domicílios contemplados, cerca de 38,7% do total.
O valor médio do benefício – como o Auxílio Emergencial e o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda – recebido foi de R$ 881 por domicílio em junho. Na região Norte, 60% dos domicílios receberam o auxílio, e no Nordeste, 58,9%. Cerca de 104,5 milhões de pessoas viviam em domicílios onde pelo menos um morador recebia auxílio emergencial, o equivalente a 49 5% da população brasileira.
Dependência de auxílio avançou nas camadas mais pobres
Entre os 10% mais pobres, com renda domiciliar per capita de até R$ 50,34 mensais, 83,5% das pessoas viviam em domicílios que receberam o benefício. Em maio, essa fatia de beneficiados era de 76%. No segundo décimo mais pobre, que recebiam até R$ 242,15 por pessoa mensalmente, o total de contemplados chegou a 86,1% em junho, ante uma fatia de 81,1% em maio.
O auxílio emergencial atingiu ainda cerca de 75% das pessoas em domicílios do terceiro décimo de renda per capita, de até R$ 354 18 mensais. Segundo o IBGE, 74,2% dos domicílios que receberam o auxílio do governo tinham renda domiciliar per capita de até R$ 665,11 mensais.
7,1 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração
A Pnad Covid-19 ainda revelou que dos 83,4 milhões de trabalhadores ocupados em junho, cerca de 14,8 milhões estavam afastados do trabalho. Dessa fatia de afastados, 48,4% estavam sem remuneração, o equivalente a 7,1 milhões de trabalhadores.
Em maio, o porcentual de afastados sem remuneração era de 51,3%, o equivalente a 9,7 milhões de pessoas. No Nordeste, 51,8% das pessoas afastadas do trabalho estavam sem remuneração.
Em todo o país, a fatia de afastados como decorrência das medidas de distanciamento social para combate à pandemia do novo coronavírus caiu de 18,6% dos ocupados em maio para 14,2% dos ocupados em junho, totalizando 11,8 milhões de pessoas, embora tenha havido redução em todas as grandes regiões do País.
O Nordeste teve a maior proporção de afastados do trabalho devido ao distanciamento social (20,2%), seguido pela região Norte, (17,1%), enquanto o Sul foi a região menos afetada pelo isolamento (7,8%).
Jornadas e rendimentos em queda
No mês de junho, 27,3% da população ocupada, 18,7 milhões de pessoas, trabalharam menos do que sua jornada habitual, enquanto cerca de 2,6 milhões de pessoas trabalharam acima da média habitual. A média semanal de horas efetivamente trabalhadas em junho foi de 29,5 horas no País, ante uma média habitual de 39,8 horas.
O rendimento efetivo dos trabalhadores foi de R$ 1.944 em junho, 16,6% aquém do rendimento habitual de R$ 2.332. Em maio, a renda efetiva foi 18,5% inferior à habitual.
Desemprego aumentou
A taxa de desocupação no país ficou em 12,4% em junho, um aumento de 1,7 ponto porcentual em relação ao resultado de maio, quando estava em 10,7%. A taxa de desemprego cresceu na passagem de maio para junho em todas as grandes regiões: de 11,2% para 13,2% no Nordeste; de 10 9% para 12,9% no Sudeste; de 11,4% para 12,4% no Centro-Oeste; de 11,0% para 12,3% no Norte; e de 8,9% para 10,0% no Sul.
O Brasil tinha 38,5 milhões de pessoas desempregadas ou inativas que gostariam de trabalhar em junho. Ao todo, 17,8 milhões de brasileiros não procuraram trabalho por causa da pandemia ou da falta de vaga na localidade em que residiam, o que sinaliza um potencial para pressionar a taxa de desemprego nas próximas leituras.
Em junho, 83,4 milhões de pessoas estavam ocupadas. Os desempregados somavam 11,8 milhões desocupados e havia outros 74 9 milhões de inativos. Em relação a maio, houve redução de 1,1% no total de pessoas ocupadas, além de um salto de 16,6% no total de desocupados. Houve pressão da população inativa, que caiu 0,6% em junho em relação a maio.
"Essa população subutilizada já está posta, o que ela está fazendo é se movimentando. Reduz ocupação e processo de aumento da desocupação. O desemprego está aumentando por causa dessa população subutilizada, desse desalento, que se movimenta numa busca expressiva por trabalho", disse Cimar Azeredo, diretor-ajunto de Pesquisas do IBGE.
Houve elevação no total de desempregados em todas as grandes regiões, com destaque para os aumentos ocorridos no Sudeste (18 8%) e Nordeste (18,6%).
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