Ministro da Economia, Paulo Guedes| Foto: Alessandro Dantas/PT do Senado
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O governo já trabalha internamente com a possibilidade de ter de prorrogar pela segunda vez o auxílio emergencial de R$ 600 pago a trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores individuais (MEIs). O benefício foi criado em abril para ajudar as pessoas que perderam renda durante a pandemia do novo coronavírus e deveria durar apenas três meses, mas teve que ser estendido por mais dois meses em virtude do prolongamento das medidas de isolamento social.

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Uma segunda prorrogação também está no radar da equipe econômica, segundo informou um técnico do Ministério da Economia à Gazeta do Povo na condição de anonimato. Lideranças parlamentares informaram ao governo que, enquanto não houver a definição sobre o novo programa de renda mínima que vai substituir o auxílio emergencial, o auxílio terá de continuar a ser pago pelo governo. Caso contrário, a tendência é que o próprio Congresso aprove um projeto prorrogando até o fim do ano a ajuda de R$ 600.

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O auxílio custa cerca de R$ 50 bilhões aos cofres públicos por mês. Até o momento, o governo já gastou R$ 134,8 bilhões dos R$ 254,40 bilhões previstos para o pagamento das cinco parcelas. São 65,3 milhões de pessoas beneficiadas, segundos dados da Caixa Econômica Federal atualizados nesta segunda-feira (27). O pagamento da quarta parcela começou na semana passada a parte dos beneficiários.

Equipe econômica tenta evitar nova prorrogação...

Diante do elevado custo aos cofres públicos, a equipe econômica tenta evitar uma nova prorrogação do auxílio emergencial. A ordem do ministro Paulo Guedes foi de acelerar a elaboração do Renda Brasil, o programa de renda mínima do governo Bolsonaro. Guedes quer encaminhar a proposta ao Congresso em agosto.

Esse programa vai substituir o Bolsa Família, o auxílio emergencial e algumas outras políticas sociais consideradas ineficientes pelo governo. Estão em estudo para extinção ou redução o abono salarial, o seguro defeso, o salário-família e o Farmácia Popular.

A ideia é remanejar os recursos desses programas mais do Bolsa Família para bancar o Renda Brasil. O imposto sobre transações comerciais digitais que deverá ser proposto pelo governo na quarta etapa da reforma tributária também deve ajudar a pagar o novo programa.

O Renda Brasil vai ter como público-alvo os brasileiros que hoje recebem o Bolsa Família (cerca de 20 milhões de pessoas) e também a parcela de baixa renda e sem emprego que está recebendo o auxílio emergencial. Dados preliminares estimam que cerca de 30 milhões de pessoas vão receber o Renda Brasil. O benefício terá um valor maior que a média hoje do Bolsa Família, que é de R$ 200 por mês e por lar.

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... mas precisa do Renda Brasil aprovado até setembro

Mas mesmo com o envio do Renda Brasil ao Congresso até agosto, a equipe econômica está cética quanto à aprovação da proposta até setembro, quando começa a acabar o auxílio emergencial para parte dos beneficiários. “Dificilmente o Congresso vai aprovar o Renda Brasil até setembro. Então, já trabalhamos com a possibilidade de ter de prorrogar o auxílio emergencial pela segunda vez”, disse um técnico do Ministério da Economia a par das negociações.

Esse técnico informou que uma preocupação ainda maior entre os integrantes da equipe econômica é no prolongamento das discussões sobre o Renda Brasil no Congresso. O Renda Brasil deverá ser enviado via proposta de emenda à Constituição (PEC), o que demandará aprovação de três quintos dos parlamentares em dois turnos de votação na Câmara e no Senado. Uma PEC é a proposta que tem o tempo de tramitação mais longo. O envio via PEC será necessário porque o governo quer mexer no abono salarial, que está previsto na Constituição.

Com isso, diz esse técnico, há o temor na equipe que as discussões sobre a proposta se arrastem por meses e cresça a corrente dos parlamentares favoráveis a tornar o auxílio emergencial de R$ 600 uma política permanente, o que é inviável fiscalmente.

Para efeitos de comparação, o orçamento do Bolsa Família para todo o ano de 2020 era de R$ 32 bilhões, enquanto um único mês de auxílio emergencial custa em torno de R$ 50 bilhões. O auxílio emergencial está sendo pago através da emissão de dívida. A previsão é que a dívida pública alcance quase 100% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim do ano.

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Para evitar nova prorrogação, Guedes queria fatiar 4ª e 5ª parcelas do auxílio emergencial

Para ter de evitar uma nova prorrogação do auxílio emergencial, o ministro Paulo Guedes defendeu o "faseamento" das quarta e quinta parcelas do benefício. A ideia de Guedes era pagar R$ 500 no início do primeiro mês da prorrogação e R$ 100 no fim do primeiro mês da prorrogação. Depois, R$ 300 no fim da primeira quinzena do segundo mês da prorrogação e mais R$ 300 no fim do segundo mês da prorrogação.

Segundo o ministro, o "faseamento" daria uma sensação de duração maior das duas parcelas extras do auxílio emergencial, evitando novas prorrogações e dando tempo de o governo finalizar o Renda Brasil. Só que a estratégia seria de difícil operacionalização, por isso a opção da Caixa foi pagar mais duas parcelas cheias de R$ 600.

A quarta parcela começou a ser paga na semana passada aos primeiros beneficiários do auxílio emergencial, incluindo quem recebia Bolsa Família. Já a quinta e última parcela será paga a essas pessoas entre os dias 18 e 31 de agosto, por isso a pressão por renovar novamente o auxílio emergencial a partir de setembro.

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