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empreendedorismo

Avanço contínuo

 | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
(Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

A boa situação econômica do país e o poder de compra das classes emergentes desenham um cenário favorável para o varejo. A demanda reprimida de grande parte da população dá mostras de que há espaço de sobra para "embarcar" no setor, que avança sem parar há anos – nem durante a crise de 2008-2009 o consumo diminui.

E, se as vendas das chamadas "lojas físicas" estão em alta, o comércio virtual avança a passos ainda mais largos. Confira nesta e na próxima página algumas oportunidades do setor, listadas pelo Sebrae-PR, que cruzou dados sobre a busca de informações de empresários do estado com os números de abertura de novos negócios na Junta Comercial do Paraná (Jucepar).

Um fio de oportunidade

A ex-empregada doméstica e atual proprietária da loja Armarinhos Curitiba, Sandra Mara do Nascimento, aproveitou cada oportunidade que lhe apareceu. Há 13 anos, ela trabalhava limpando a casa da dona de uma loja de armarinhos, que a convidou para ser balconista. Dois anos depois, Sandra mudou de emprego, indo trabalhar na loja que anos mais tarde seria sua. De braço direito do então proprietário, ela assumiu de vez o comando em 2004, quando o patrão teve de se mudar para Santa Catarina.

"Eu sempre comentava com ele que tinha vontade de ter uma loja, mas em algum bairro. Ele me ensinou bastante e na brincadeira fiz uma proposta de comprar a loja em prestações ‘a perder de vista’. Como ele confiava em mim, aceitou", lembra. A loja foi comprada por R$ 80 mil: Sandra deu uma entrada de R$ 20 mil e parcelou o restante em dois anos e meio. Em 2007, quando quitou a dívida, começou a investir.

Hoje ela tem três funcionários, que atendem diariamente 300 pessoas – costureiras, artesãos e estudantes de Design e Moda – em busca de agulhas, botões, lãs e afins. Sandra lembra que, enquanto era balconista, tinha dias em que passava longas tardes sentada, esperando o tempo passar. "Hoje não tenho tempo para nada", diz. Além de adquirir experiência no balcão, Sandra fez cursos de gestão financeira. "Foi muito proveitoso, aprendi coisas que nem imaginava."

As perspectivas para a loja de Sandra são positivas: ela espera continuar crescendo e ter mais funcionários para poder se dedicar mais às atividades gerenciais. "A oportunidade bateu à minha porta e eu a abracei. Tive medo em alguns momentos, mas não me arrependo de nada. Eu vim de uma família humilde, nunca almejei tanto, mas tive coragem para fazer o que queria", pontua.

Serviço

Armarinhos Curitiba. Travessa Tobias de Macedo, 109, loja 1, Centro, Curitiba. Fone (41) 3224-1102.

Avaliação do especialistaNão se deixar acomodar pela rotina é uma maneira de aproveitar as oportunidades que podem bater à porta. Ser dinâmico e observador é primordial para que o empreendedor tenha sucesso. "A Sandra arriscou. Aproveitou seu conhecimento, não só de gestão, mas sobre os produtos e atendimento. Tem muita coisa que o empresário só descobre na prática. É importante sempre estar atento às oportunidades", ressalta a consultora do Sebrae-PR Walderes Bello.

Um dos pontos que dificultam a vida do empreendedor no início do negócio é o pagamento do valor investido. Quando o empresário planeja comprar uma loja já existente, como no caso de Sandra, é preciso que se conheça o faturamento da empresa, suas despesas e custos de manutenção. "Trabalhando bem com as finanças do empreendimento, é possível transformar o controle de pagamentos em um hábito. Pode ser demorado para pagar a dívida, mas, quando acaba, o empresário pode investir e sabe o tamanho do passo que pode dar", analisa Walderes.

O mercado de armarinhos, na opinião da consultora, passa por um processo de crescimento, devido à valorização do trabalho artesanal. Mas, assim como em outros ramos, sofre com os efeitos da sazonalidade. Para se precaver, nada melhor que conhecer bem o negócio – Sandra sabe, por exemplo, que o inverno é o "Natal" de sua loja. "É importante que o empresário esteja no dia a dia da empresa, acompanhando clientes, se informando sobre o negócio", diz a consultora do Sebrae.

Centenária e conectada

Na quarta geração de administradores, a Papelaria João Haupt completa 100 anos em 2012. Hoje quem está à frente da empresa são os irmãos João Cesar Haupt Titon e Marcus Vinicius Titon, bisnetos do fundador da loja. "Foi um processo natural, desde pequenos sempre estivemos muito envolvidos. A papelaria passou por diversas mudanças, vários planos econômicos, mas sempre focamos na área de materiais de escritório. Estamos sempre atualizados", conta Marcus, que há dez anos gerencia uma das duas lojas.

Uma prova é a página virtual da papelaria, que existe há quatro anos e já atendeu consumidores do Rio de Janeiro e no Nordeste – o site é quase como uma nova empresa criada a partir da loja física. "Inicialmente queríamos dar uma ferramenta para o mercado local, mas o site dá uma visibilidade imensa", diz.

As lojas físicas empregam hoje 17 funcionários. Além dos materiais de escritório, a papelaria oferece material escolar, embalagens e até materiais para coffee breaks. "Implantamos também a linha de higiene e limpeza para escritório, por ser uma necessidade dos nossos clientes", explica o gerente.

Marcus define a segurança como um dos pontos primordiais para uma loja virtual conseguir o seu espaço. "Estamos agora investido na integração do nosso site com o nosso sistema. Uma loja virtual precisa ter o comprometimento para atender os seus clientes de forma rápida e segura", diz.

Assim como os atuais donos da loja não foram pressionados a assumir o negócio, os filhos de Marcus e João Cesar só vão fazer parte da história da João Haupt se quiserem. "Se ambos quiserem continuar o negócio da família, poderão", assegura Marcus.

Serviço

Papelaria João Haupt. www.haupt.com.br. (41) 3027-1001.

Avaliação do especialista

Fazer sucesso em uma empresa centenária não é simples, na opinião da consultora do Sebrae-PR Walderes Bello: a tarefa requer uma alta dose de inovação, empreendedorismo e atualização. "Na sucessão de uma empresa familiar, é muito mais árdua a tarefa de identificar alguém da família interessado em manter e continuar o negócio", explica Walderes.

Uma das maneiras para dar sequência a uma empresa já existente – e uma forma de complementar os serviços de um empreendimento que está nascendo – é abrir uma loja virtual. "A loja virtual é um canal de complemento da loja física: o consumidor pode pesquisar no site e buscar na loja. Além disso, a página virtual do negócio dá referência à loja", analisa a consultora do Sebrae-PR.

Assim como nos demais setores do comércio, oferecer um "algo a mais" é uma maneira de sempre atrair novos clientes. É preciso, porém, saber o que ofertar: ouvir o consumidor e saber as suas necessidades é um bom caminho. "Identificar produtos que têm afinidade com a loja – assim como fizeram os donos da papelaria, oferecendo material de limpeza para escritório – agrega valor ao negócio, fideliza o cliente e amplia o valor médio da compra", explica Walderes. "Quantas vezes vamos a um lugar e sentimos falta de algo, comentamos com o responsável e ele não traz essas novidades? Ouvir o cliente é um fator fundamental no comércio, que é dinâmico e tem de se reinventar todos os dias."

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