Mesmo com a indicação do Ministério da Fazenda e do Banco Central de manter o dólar no patamar de R$ 2, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, avalia que o câmbio não será suficiente para neutralizar o impacto da retração da demanda mundial nas exportações brasileiras.
"A retração dos mercados não é compensada pela correção do câmbio no Brasil. Se não há mercado, não tem câmbio que vai resolver. O câmbio não é capaz de gerar demanda onde ela não existe. O problema é muito mais de demanda", afirmou a secretária.
Ela disse que sua equipe tentou fechar estudos sobre o impacto do câmbio no comércio exterior brasileiro, mas não conseguiu chegar a um "câmbio de equilíbrio". "Cada setor é um setor e cada vez mais a indústria brasileira conta com insumos importados para as próprias exportações. Entre as grandes exportadoras estão as grandes importadoras", explicou.
Tatiana destacou, no entanto, que o dólar mais valorizado melhora a rentabilidade dos exportadores. "O que temos é uma rentabilidade maior para as exportações fechadas, ou seja, recebe mais por aquilo que exporta, mas isso não é capaz de fazer exportar mais", disse.
Esperança
O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), Ivan Ramalho, concorda que o principal problema dos exportadores no cenário atual é a falta de demanda, mas acredita que o câmbio mais favorável e o processo de redução de juros no país ajudarão o setor industrial no segundo semestre. "O exportador de produtos industrializados, ao formar preço, pode, com o câmbio mais alto, ter uma margem para fixar o preço em dólar um pouco menor e isso pode auxiliar nas exportações", explicou.
No entanto, Ramalho admite que o câmbio não contribui para os exportadores de produtos básicos, que seguem os preços internacionais das commodities. As cotações internacionais de grande parte das matérias-primas estão mais baixas que em 2011 por conta da queda da demanda, em função da crise externa e da desaceleração da atividade na China. As exportações brasileiras de minério de ferro, um dos principais itens da pauta, tiveram uma redução no preço de 18,7% no primeiro semestre.
Tatiana disse que já era esperado um ano ruim para o comércio exterior e lembrou que a estimativa do MDIC para o aumento das exportações em 2012 de 3,1% (US$ 264 bilhões) foi mais conservadora que a de muitos analistas que previam alta de até 10%. O ministério já sinalizou que pode rever a meta caso não haja uma recuperação das vendas no segundo semestre.
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