O aumento da força de trabalho deu grande impulso ao crescimento econômico nas últimas quatro décadas, mas, como ela cresce cada vez mais devagar, esse empurrão populacional também perde força. Em um ambiente de mão de obra mais escassa, algo que nos últimos anos ajudou a derrubar a taxa de desemprego, o avanço da economia passa a depender principalmente de ganhos de eficiência.
Um estudo de Regis Bonelli e Julia Fontes, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), revela que entre 1972 e 1982 a demografia respondeu por metade do crescimento econômico 3 pontos porcentuais de um avanço médio do PIB de 6% ao ano. A contribuição baixou gradativamente até chegar a 1,5 ponto porcentual entre 2002 e 2012, quando o PIB cresceu a uma média anual de 3,6%. Na década 2012-2022, calculam os pesquisadores, o crescimento populacional deve ajudar ainda menos, com 1,1 ponto ao ano.
O Brasil, portanto, terá de fazer mais com o mesmo. Mas não há como aumentar a produtividade "do nada". Sua evolução depende de melhorias na logística e na infraestrutura, investimento em máquinas e equipamentos, inovações tecnológicas. Estamos defasados em todos esses aspectos, por falhas e omissões não só do setor público, mas também das empresas. Pesquisa divulgada no fim do ano passado pelo IBGE mostra que o porcentual de indústrias que investem em inovação baixou de 38,1% no período 2006-2008 para 35,6% no intervalo 2009-2011.
Falta também o fundamental: um consistente avanço na educação, que permita formar "capital humano" capaz de tornar o país mais eficiente. Embora o acesso ao ensino e sua qualidade tenham evoluído nos últimos anos, vários testes mostram que os boletins brasileiros continuam repletos de notas vermelhas. No último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), aplicado em 64 países, nossos alunos ficaram em 54.º lugar em ciências, 57.º em matemática e 58.º em leitura.