Endividada, a Avianca Brasil entrou na última segunda-feira (10) com o pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial de São Paulo. Segundo o jornal o Estado de S. Paulo, o pedido, de R$ 50 milhões, está em segredo de Justiça.
A companhia aérea, que expandiu rapidamente no Brasil, enfrenta uma série de dificuldades para pagar fornecedores e cumprir obrigações com concessionárias de aeroportos.
Na semana passada, uma decisão da Justiça de São Paulo obrigou a Avianca a devolver 11 aviões - o equivalente a 18% de sua frota - para a Constitution Aircraft, subsidiária da americana Aircastle, de aluguel de aeronaves. Além disso, outras duas aeronaves arrendadas pela Avianca são alvo de disputa na Justiça por falta de pagamento.
Estima-se que toda a dívida da Avianca com todos os aeroportos brasileiros, públicos e privados, chegue a quase R$ 100 milhões.
Endividamento
No trimestre encerrado em junho, a companhia captou R$ 130,7 milhões em empréstimos com os bancos ABC, Daycoval, Safra e Fibra, com vencimentos entre 2018 e 2021. Assim, o volume de financiamentos, que no fim de 2017 somava R$ 194 milhões, chegou a R$ 306 milhões seis meses depois, aponta relatório entregue à Anac.
No documento, a empresa afirma que tem conseguido aumentar suas receitas, mas não o suficiente para compensar as altas no preço do combustível e a variação cambial. Diz ainda que está controlando os gastos e que pretende recorrer ao mercado para estender o prazo dos empréstimos. Do total da dívida financeira, apenas 22,7% vence em 2021, o restante, até 2019.
Os números da empresa
A Avianca foi uma das empresas aéreas que mais cresceu no último ano. A oferta de assentos em voos domésticos aumentou 10,8% nos dez primeiros meses do ano, comparativamente a igual período de 2017, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A demanda aumentou um pouco menos 9,8%, o que implicou em uma redução na taxa de ocupação dos aviões: de 85%, no ano passado, para 84,1%, neste.
O incremento na oferta se refletiu no aumento de participação no mercado. Atualmente, ela é a quarta, operando em 23 destinos domésticos e três internacionais. Neste ano, o share é de 13,6%, contra 12,9% no ano passado. Neste ano, ela iniciou as operações em Belém e Vitória.
A empresa informa que opera com 47 aeronaves, mas segundo o site Airfleets.net, que monitora frotas de companhias aéreas em todo o mundo, a Avianca Brasil tem 55 aviões em operação, todos da marca Airbus (6 Airbus 318, 4 Airbus 319, 39 Airbus 320 e 6 Airbus 330). Outros 8, todos Fokker 100, estão parados.
Só no primeiro semestre, quatro aviões foram incorporados à frota.
O grande salto da Avianca foi no mercado internacional: a participação nesse mercado cresceu de 1,9%, em 2017, para 7,0%, de acordo com dados da Anac. E, mesmo com o forte incremento, a taxa de ocupação dos aviões permaneceu praticamente estável, passando de 76,1%, no ano passado, para 76,3%, em 2018.
O motivo da alta foi o aumento na oferta de voos. No dia 1º, a empresa colocou em operação um voo diurno entre São Paulo e Miami.
Mas as demonstrações contábeis apresentadas no segundo trimestre mostram um crescimento no patrimônio líquido a descoberto (o passivo é superior ao ativo) e uma concentração de dívidas no curto prazo. Segundo a Folhapress, a empresa tinha, em junho, R$ 1,168 bilhão em dívidas com vencimento no prazo de até um ano, segundo as demonstrações contábeis apresentadas à Anac.
Segundo o órgão regulador, o relatório de revisão dos auditores independentes encontra-se pendente de envio e, por sua vez, as notas explicativas encontram-se desacompanhadas das demonstrações contábeis trimestrais. “Destaca-se que a não apresentação dos devidos documentos ou sua apresentação intempestiva é objeto de processo administrativo para apuração da infração”, informa a Anac em seu site."
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