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Aviação Comercial

Sem Avianca, rota Rio-São Paulo é a menos concorrida entre as 20 mais movimentadas do mundo

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A Anac suspendeu as operações da Avianca Brasil (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O voo entre os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, é a quarta rota doméstica mais movimentada do mundo, segundo a OAG, uma empresa de inteligência de transporte aéreo. E, com a suspensão das operações da Avianca, determinada no final de maio pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), tornou-se a menos concorrida entre as 20 rotas domésticas mais movimentadas, com só duas operadoras: a Latam Airlines e a Gol.

Mesmo com a presença da Avianca as duas empresas aéreas tinham posição dominante na rota que é o filé mignon da aviação comercial brasileira: 80% dos 39,7 mil voos realizados entre março de 2018 e fevereiro de 2019 estavam nas mãos das duas empresas.

O grau de concentração é próximo à da ligação entre as duas principais cidades australianas. Melbourne e Sydney, onde duas empresas - Qantas e Virgin Australia - foram responsáveis por 77% dos voos. Só que a rota é operada por quatro companhias.

A rota doméstica mais movimentada do mundo, a ligação entre o aeroporto de Gimpo, em Seul, e o balneário de Jeju, na Coreia do Sul, é disputada por sete empresas. Mesmo número que outras duas que estão entre as 20 mais movimentadas: Xangai-Shenzhen, na China, e Bengaluru-Déli, na Índia.

Mesmo as outras rotas da América Latina que estão entre as mais movimentadas do mundo tem mais concorrentes: a ligação entre as duas principais cidades colombianas, Bogotá e Medellín é feita por três empresas, e a de Lima a Cuzco, por seis.

O aumento na concentração na rota Rio-São Paulo veio acompanhado por um aumento das passagens. Nos 11 dias anteriores à suspensão dos voos da Avianca, o preço médio de uma passagem ida-e-volta era de R$ 415, segundo o buscador de passagens Kayak. Nos 11 dias posteriores, esse valor saltou para R$ 498, uma alta de 20%.

Azul fez tentativas para adquirir Avianca

Quem está buscando um filão desse mercado é a Azul, a terceira maior empresa aérea brasileira em share. Mas ela enfrenta uma barreira, a pequena presença no aeroporto de Congonhas. Latam Airlines e Gol eram responsáveis, no início do ano, por 87,4% das operações. Segundo a Anac, a grande participação das duas empresas deve-se a “direitos históricos” que elas têm.

Expectativas de ampliar a presença no terminal são difíceis no curto prazo. O retorno dos slots da Avianca Brasil à agência reguladora só pode acontecer em três hipóteses: no caso de decretação de falência, no final da temporada ou por devolução temporária.

O órgão informou, por meio de nota, que, embora a agência monitore semanalmente a situação da Avianca e das demais empresas aéreas, o destino dos slots da Avianca não é uma decisão que caiba à Anac neste momento.

Desde que a Avianca entrou em recuperação judicial, em dezembro, a Azul fez duas tentativas para adquirir os ativos. Uma primeira tentativa foi feito em março, quando foi feita uma proposta de US$ 105 milhões por ativos selecionados: o certificado de operador da Avianca, 70 slots (direitos de pouso e decolagem) e 30 aeronaves Airbus 320.

A proposta foi retirada pela Azul. O principal credor, o fundo Elliott, apresentou outra: o fatiamento da Avianca em sete unidades produtivas isoladas (UPIs), com a Latam e a Gol ofertando US$ 70 milhões, cada uma, por uma das UPIs.

Outra foi feita em maio pela Azul, quando a Avianca só estava operando com cinco aviões: US$ 145 milhões por um pacote de slots, incluindo os que permitiriam à empresa voar entre Congonhas e Santos Dumont. A proposta foi rejeitada pela Justiça.

Estratégia da Azul muda para as redes sociais

A Azul até pode estar desistido da compra dos ativos da Avianca. Mas não desistiu do plano de reforçar suas operações em Congonhas.

A estratégia é fazer campanha nas redes sociais, como o Facebook, Twitter e  Instagram para convencer a Anac para aumentar a concorrência entre as aéreas no terminal da capital paulista. Segundo a Infraero, no primeiro quadrimestre passaram 7,52 milhões de passageiros pelo aeroporto, 5,3% a mais do que no mesmo período do ano passado. No começo do ano, 87,7% das operações eram feitas pela Latam e pela Gol. As restantes pela Azul e pela Avianca.

Procurada, a empresa não dá muitas pistas sobre a ação. Por meio de nota, informou que:

O que podemos dizer é que a Azul acredita que os brasileiros merecem uma terceira opção em Congonhas, diminuindo a concentração de mercado que hoje é protagonizada pelo duopólio formado por Latam e Gol. Todas as mais de 100 cidades onde a Azul opera estão abertas para concorrência e o único aeroporto onde não podemos crescer é em Congonhas. Essa campanha nas redes promove justamente isso. A companhia acredita que hoje há um caminho possível e que as autoridades, como Cade e Anac, farão a escolha certa.

Nota da Azul

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